sexta-feira, dezembro 29

O NEGÓCIO DA MORTE (ACTUALIZADO)

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EE UU entrega a Sadam a las autoridades iraquíes como paso previo a su ejecución

União Europeia sublinha que se opõe à morte de Saddam

Chovem as notícias contraditórias acerca da execução de Sadam. Se o enforcamento é hoje ou amanhã pouco interessa. O que interessa é que Bush aplaude e anuncia, de forma grotesca, o envio de mais militares para o Iraque enquanto Blair é apanhado, pelo despiste de um avião, na rota de umas férias familiares nos USA.

A União Europeia marca posição contra a pena de morte mais como um ritual de boas maneiras do que como uma verdadeira oposição, fundada em princípios de natureza humanitária e política, à pena capital.

E já agora vale a pena perguntar, o que não tenho visto perguntado por ninguém, como pode a UE ser levada a sério nesta condenação quando o Presidente da Comissão é José Manuel Barroso o mordomo da Cimeira das Lajes que declarou a guerra contra o Iraque com base em fundamentos falsos?

Bush, e os seus fiéis, encontram-se agora numa estranha encruzilhada, apoiando ou condenando, cinicamente, a execução de Sadam, de braço dado com líderes de grupos radicais islâmicos, xiitas, maioritários no Iraque e no Irão

Os assassinos condenam os assassinos à morte. Os que dizem combater o terrorismo internacional, e os que apoiam esse mesmo terrorismo, unem-se na celebração de uma mesma condenação à morte. Que outro facto melhor os poderia unir? A morte! Trata-se de um negócio entre gente que tem as mãos manchadas de sangue pela acção ou pelo consentimento.

Aos cidadãos livres, sem poder para ordenar ao algoz que suspenda o gesto fatal, resta-nos manifestar, pelas palavras, o repúdio pela aplicação da pena de morte.

Num célebre artigo publicado em Novembro de 1948, no Combat, a certo passo, Camus afirma: ”o que neste momento se me afigura desejável é que no meio de um mundo criminoso, se tome a decisão de reflectir no crime e de escolher. Se tal fosse possível, ficaríamos divididos entre os que aceitam ser assassinos e os que, com todas as forças, se recusam a sê-lo. (…)

Mas eu sempre pensei que se o homem que tem esperança na condição humana é um louco, o que desespera dos factos é um cobarde. E, doravante, a única honra está em sustentar teimosamente esta formidável aposta que irá decidir se as palavras são ou não são, afinal, mais fortes do que as balas.”
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