Foto de Família – O meu irmão Dimas na “Retina”, Porto
As voltas da vida levaram a que meus pais viessem a adoptar, antes do tempo, o modelo quase perfeito da família nuclear. Um casal e dois filhos. Mas é interessante que já os pais de meus pais haviam gerado famílias pequenas: os meus avós paternos com três filhos e os maternos com dois. O modelo da família alargada havia ficado pelas gerações anteriores.
O meu irmão Dimas nasceu onze anos antes de mim. Ele é contemporâneo dos inícios da guerra civil de Espanha e eu sou um “baby boomer” típico. Não sou capaz de imaginar a intensidade do impacto do meu nascimento tardio no equilíbrio familiar.
Mas é um facto que o meu irmão não concluiu o liceu tendo os meus pais que buscar uma via alternativa para a sua formação. Por ruas e travessas chegaram a um caminho que deu certo. O meu irmão, ainda antes de 1955, partiu para o Porto para aprender, ao mesmo tempo, dois ofícios: óptico e gravador.
Lembro o dia da sua partida. Naquela época a distância entre o extremo sul de Portugal e o Norte, entre Faro e o Porto, era incomensuravelmente maior do que é hoje. O meu irmão Dimas, com menos de vinte anos, instalou-se no Porto, tendo encetado a sua aprendizagem na “Óptica Retina”.
Aprendeu bem todos os segredos dos ofícios a que se propôs dedicar-se o que lhe permitiu durante quase cinquenta anos fazer um percurso ascendente, à maneira de um “self-made-man”, que lhe havia de granjear prestígio profissional e social além de prosperidade económica.
Como escrevi, por alturas da sua morte, prematura e injusta, é um caso de alguém que subiu a pulso na vida, com o esforço do seu trabalho, o apoio inicial dos pais, e uma forte exigência na qualidade do seu próprio desempenho pessoal e profissional.
Os meus pais, forçados pelas circunstâncias da vida, com alegrias e amarguras, fizeram, em relação ao futuro dos filhos, o melhor que puderam. E, no essencial, acertaram. Ao mais velho uma profissão, ao mais novo um curso superior. Depois cada um que assumisse, com liberdade, o seu próprio futuro.
As voltas da vida levaram a que meus pais viessem a adoptar, antes do tempo, o modelo quase perfeito da família nuclear. Um casal e dois filhos. Mas é interessante que já os pais de meus pais haviam gerado famílias pequenas: os meus avós paternos com três filhos e os maternos com dois. O modelo da família alargada havia ficado pelas gerações anteriores.
O meu irmão Dimas nasceu onze anos antes de mim. Ele é contemporâneo dos inícios da guerra civil de Espanha e eu sou um “baby boomer” típico. Não sou capaz de imaginar a intensidade do impacto do meu nascimento tardio no equilíbrio familiar.
Mas é um facto que o meu irmão não concluiu o liceu tendo os meus pais que buscar uma via alternativa para a sua formação. Por ruas e travessas chegaram a um caminho que deu certo. O meu irmão, ainda antes de 1955, partiu para o Porto para aprender, ao mesmo tempo, dois ofícios: óptico e gravador.
Lembro o dia da sua partida. Naquela época a distância entre o extremo sul de Portugal e o Norte, entre Faro e o Porto, era incomensuravelmente maior do que é hoje. O meu irmão Dimas, com menos de vinte anos, instalou-se no Porto, tendo encetado a sua aprendizagem na “Óptica Retina”.
Aprendeu bem todos os segredos dos ofícios a que se propôs dedicar-se o que lhe permitiu durante quase cinquenta anos fazer um percurso ascendente, à maneira de um “self-made-man”, que lhe havia de granjear prestígio profissional e social além de prosperidade económica.
Como escrevi, por alturas da sua morte, prematura e injusta, é um caso de alguém que subiu a pulso na vida, com o esforço do seu trabalho, o apoio inicial dos pais, e uma forte exigência na qualidade do seu próprio desempenho pessoal e profissional.
Os meus pais, forçados pelas circunstâncias da vida, com alegrias e amarguras, fizeram, em relação ao futuro dos filhos, o melhor que puderam. E, no essencial, acertaram. Ao mais velho uma profissão, ao mais novo um curso superior. Depois cada um que assumisse, com liberdade, o seu próprio futuro.
3 comentários:
...como eu gostava que o teu irmão pudesse ler este texto e estar de novo connosco, no dia 25 de Dezembro. Parece que o vejo na minha frente. Alto, discreto, olhando para todos nós, com o seu sorriso e brilho nos olhos, pelo prazer de estarmos de novo todos juntos, numa explosão de conversas, discussões e risadas dos Graças e suas mulheres. Sendo ele o mais calmo e discreto de todos não deixava de ser o ''patriarca'' daquele rancho ruidoso e a sua presença impunha-se por isso mesmo. As conversas e os risos não faltavam bem como as crianças que perante uma família intensa se deslumbram e saltitam felizes no meio aquele alarido. Pois é...como eu gostava que estivéssemos de novo todos juntos.
MRamos
Os homens fazem isso. Aliás uma especialidade dos poderosos. Em nome do poder, da inveja, de apoderar-se do que não lhe pertence, de intromissão na vida alheia, tramam suas guerras, suas desavenças, e colocam à frente pessoas, muitas delas se fossem perguntadas a respeito de sua missão sem nexo, se mostrariam contrários e insatisfeitos. Mas têm de ir em nome de um sentimento que não justifica, e se sacrificam, perdem suas vidas, o que ninguém lhes devolve mais.
Que a paz de Deus fique no teu peito como um emplastro, aliviando toda dor, toda saudade.
Um beijo
Naeno
“...Nada no mundo é igual à amizade, os amigos são o sal da terra.” Jorge Amado, Velhos Marinheiros.
Nunca falei com o grande Dimas, mas estou a vê-lo com o seu enorme riso e sorriso, pois conheci-o perfeitamente bem.
Tínhamos um amigo comum; o André funcionário lá da Escola Comercial. Soube do seu falecimento muito mais tarde.Mas recordo o grande Dimas com saudade e presto-lhe uma pequena homenagem com a frase do Jorge Amado.
João Brito Sousa
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