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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça

A notícia, em si, tem actualidade e razão de ser. Mas o que não se entende é a ignorância revelada pelos comentários nos quais se afirma que, em Portugal, nada está feito no campo da utilização esclarecida, crítica e segura da internet na escola (e na sociedade). Que eu conheça, sem esforço de pesquisa, existem dois programas em fase adiantada e madura de desenvolvimento. O SeguraNet e o DADUS, mais o seu blog. O primeiro é de iniciativa do Ministério da Educação, através da Direcção Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC) e o segundo resulta de uma parceria entre esta Direcção Geral e a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD). Neste campo há sempre muita coisa por fazer mas não vale a pena – a bem da verdade – fazer passar a ideia de que nada se faz e posso, por experiência própria, testemunhar que o que se está a fazer é muito bem feito. Somos, afinal, quase sempre melhores do que pintam os “Velhos do Restelo”.
Conheço o Manuel Coelho desde os tempos do movimento estudantil, tempos de rebeldia, vai para muitos anos, e sempre o tive na conta de uma pessoa afável, séria e solidária. Passei a vê-lo, de quando em vez, na televisão, no exercício das funções de Presidente da Câmara Municipal de Sines respondendo a críticas à sua gestão da autarquia e uma vez, ao que pude entender, defendendo-se de uma torpe acusação relacionada com o exercício da sua profissão de médico. Confesso que sempre me interroguei como seria a sua relação com o Partido ao qual, certamente por convicção, tinha aderido e em cujas listas tem sido eleito Presidente da CM de Sines. Hoje, de forma inesperada, voltei a encontrar-me com o Manuel Coelho dos tempos da nossa rebeldia. É preciso coragem para romper com 35 anos de militância partidária, seja qual for o partido, ainda para mais tratando-se do PCP. A luta pela liberdade vale sempre a pena. Um abraço.
Pensava eu que Portugal era um dos países da Europa com maior capacidade de aceitação das diferenças, incluindo as religiosas, mau grado o cinismo que encobre certas formas de aceitação das diferenças; pensava eu que conhecia o patriarca de Lisboa como um homem aberto às diferenças e ao diálogo, tolerante perante todos os perigos que sempre acompanham os audazes; pensava eu que Portugal era um país que se podia ufanar de contar com um líder da Igreja Católica afável no trato, clarividente nas ideias e moderado na apreciação das outras religiões. Não creio ter-me enganado. Espero que o Patriarca esclareça, de viva voz, perante os portugueses, e o mundo, o que quis dizer pois não deve ter cuidado o suficiente a expressão do seu pensamento.