Peter Sloterdijk
A minha mulher pediu-me para comprar o “Expresso” e eu comprei. Antes disso, logo pela manhã, o Madrinha do “Expresso”, no café onde tomo o pequeno-almoço, olhou-me com melancolia quando peguei no “Sol”, disponibilizado gratuitamente, e o folheie com um certo sentimento de náusea. O Madrinha deve ter ficado com pena e eu fiquei com pena que ele não pudesse, apesar de tudo, ter acesso ao meu estado de alma.
A ideia, ou pretexto, para comprar o “Expresso” era uma entrevista com o Jacques Delors. Acabei de a ler. Nada de novo a não ser que o “velho” Delors fala com sabedoria do que sabe … e sabe muito. A Europa a 27 é, ao mesmo tempo, uma dificuldade e uma inevitabilidade. Pode ser esta uma síntese do que ele diz.
Mas o que retive e mais me interessou foi a sua última afirmação, essa sim verdadeiramente importante mesmo para o Portugal dos nossos dias: “à pergunta: “qual foi a decisão política mais importante da sua vida?”, respondeu: “Foi conseguir que o Governo francês aceitasse, em 1970/71, a educação contínua, tornando o ensino possível ao longo de toda a vida. Foi uma decisão de vanguarda que permitiu às pessoas de todas as idades o regresso à escola, para receber formação, enriquecendo-se cultural e profissionalmente. Foi a decisão mais importante da minha vida, porque tal como afirmei há pouco: em cada pessoa existe um tesouro.”
Mas mais importante do que a entrevista com Delors reparei no “Expresso” numa outra com o filósofo alemão Peter Sloterdijk. Respigo algumas passagens das suas respostas que vão ao encontro das minhas próprias preocupações:
“A estagnação demográfica da Europa é acompanhada por uma espécie de diminuição do papel e do potencial intelectuais deste continente. Então compreendemos por que é que há uma espécie de melancolia generalizada nos europeus. A Europa podia ser algo de muito mais entusiasmante se possuísse uma juventude disposta a entusiasmar-se.”
“Para os nazis havia um “povo sem espaço”. Hoje, temos espaço sem povo.”
“O romantismo do político é a ideia de que uma pequena guerra civil – a agitação de massas, os movimentos políticos na rua – não tem nada de nocivo. Nessa pequena guerra civil os intelectuais estão como o peixe na água. E agora os intelectuais estão em terreno seco. Daí, o facto de alguns querem (quererem) reinventar a política para obterem um papel a desempenhar nessa guerra divertida.”
“Continuamos a habitar na Europa, mas emigramos para um outro país. Por vezes, também utilizo o conceito de velha Europa como sinónimo de Europa do pensamento metafísico. E a nova Europa é uma Europa filisteia e pragmática, onde a paixão metafísica se evaporou.”
A minha mulher pediu-me para comprar o “Expresso” e eu comprei. Antes disso, logo pela manhã, o Madrinha do “Expresso”, no café onde tomo o pequeno-almoço, olhou-me com melancolia quando peguei no “Sol”, disponibilizado gratuitamente, e o folheie com um certo sentimento de náusea. O Madrinha deve ter ficado com pena e eu fiquei com pena que ele não pudesse, apesar de tudo, ter acesso ao meu estado de alma.
A ideia, ou pretexto, para comprar o “Expresso” era uma entrevista com o Jacques Delors. Acabei de a ler. Nada de novo a não ser que o “velho” Delors fala com sabedoria do que sabe … e sabe muito. A Europa a 27 é, ao mesmo tempo, uma dificuldade e uma inevitabilidade. Pode ser esta uma síntese do que ele diz.
Mas o que retive e mais me interessou foi a sua última afirmação, essa sim verdadeiramente importante mesmo para o Portugal dos nossos dias: “à pergunta: “qual foi a decisão política mais importante da sua vida?”, respondeu: “Foi conseguir que o Governo francês aceitasse, em 1970/71, a educação contínua, tornando o ensino possível ao longo de toda a vida. Foi uma decisão de vanguarda que permitiu às pessoas de todas as idades o regresso à escola, para receber formação, enriquecendo-se cultural e profissionalmente. Foi a decisão mais importante da minha vida, porque tal como afirmei há pouco: em cada pessoa existe um tesouro.”
Mas mais importante do que a entrevista com Delors reparei no “Expresso” numa outra com o filósofo alemão Peter Sloterdijk. Respigo algumas passagens das suas respostas que vão ao encontro das minhas próprias preocupações:
“A estagnação demográfica da Europa é acompanhada por uma espécie de diminuição do papel e do potencial intelectuais deste continente. Então compreendemos por que é que há uma espécie de melancolia generalizada nos europeus. A Europa podia ser algo de muito mais entusiasmante se possuísse uma juventude disposta a entusiasmar-se.”
“Para os nazis havia um “povo sem espaço”. Hoje, temos espaço sem povo.”
“O romantismo do político é a ideia de que uma pequena guerra civil – a agitação de massas, os movimentos políticos na rua – não tem nada de nocivo. Nessa pequena guerra civil os intelectuais estão como o peixe na água. E agora os intelectuais estão em terreno seco. Daí, o facto de alguns querem (quererem) reinventar a política para obterem um papel a desempenhar nessa guerra divertida.”
“Continuamos a habitar na Europa, mas emigramos para um outro país. Por vezes, também utilizo o conceito de velha Europa como sinónimo de Europa do pensamento metafísico. E a nova Europa é uma Europa filisteia e pragmática, onde a paixão metafísica se evaporou.”
2 comentários:
Bom post...
جيد عطلة نهاية الاسبوع
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