Fotografia de Hélder Gonçalves
vinte e cinco de abril,
agora que vinte e cinco anos sobre ti
são passados,
parece que já só como memória
em nós subsistes.
e que o abraço que demos
em plena rua,
já só cabe dentro
da semi-clandestinidade do texto.
decerto os novos senhores
que vieram repor a ordem
já não cortam a palavra;
são bem educados,
deixam falar toda a gente,
e como enriquecem,
ou se sentam nas luminosas
cadeiras do poder,
chamam a isto liberdade.
a liberdade de os podermos admirar
no seu esplendor.
mas nós ainda estamos cá,
e somos cada vez mais.
e um dia vamo-nos fartar de novo
de só estar a ver o espectáculo.
pode ser daqui a vinte e cinco anos,
pode ser daqui a vinte e cinco séculos.
mas o vinte e cinco de abril
há-de acontecer outra vez.
quando toda a humanidade
se levantar sobre a terra
num novo abraço solidário.
quando um clamor imenso
se erguer no espaço,
e até os anjos e os poetas não forem mais
do que uma recordação.
Porto, Portugal, finais do ano de 1998 da era Cristã
Vitor Oliveira Jorge
vinte e cinco de abril,
agora que vinte e cinco anos sobre ti
são passados,
parece que já só como memória
em nós subsistes.
e que o abraço que demos
em plena rua,
já só cabe dentro
da semi-clandestinidade do texto.
decerto os novos senhores
que vieram repor a ordem
já não cortam a palavra;
são bem educados,
deixam falar toda a gente,
e como enriquecem,
ou se sentam nas luminosas
cadeiras do poder,
chamam a isto liberdade.
a liberdade de os podermos admirar
no seu esplendor.
mas nós ainda estamos cá,
e somos cada vez mais.
e um dia vamo-nos fartar de novo
de só estar a ver o espectáculo.
pode ser daqui a vinte e cinco anos,
pode ser daqui a vinte e cinco séculos.
mas o vinte e cinco de abril
há-de acontecer outra vez.
quando toda a humanidade
se levantar sobre a terra
num novo abraço solidário.
quando um clamor imenso
se erguer no espaço,
e até os anjos e os poetas não forem mais
do que uma recordação.
Porto, Portugal, finais do ano de 1998 da era Cristã
Vitor Oliveira Jorge
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