terça-feira, março 6

Os Políticos e as Políticas

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A ler o artigo de Teodora Cardoso: Os Políticos e as Políticas. Deixo a abertura e a parte final.

Num artigo de há alguns anos, o Banco Mundial interrogava-se sobre a razão que levaria tantos bons políticos – isto é, os que compreendem, tanto intuitiva como substantivamente, o que são as boas práticas e têm as melhores intenções com respeito a proporcionar uma vida melhor aos seus concidadãos...
(…)
É particularmente impressionante o facto de, ao longo dos anos, Portugal não ter feito qualquer progresso em matéria de distribuição do rendimento, permanecendo o país mais desigual dos 15 (e só marginalmente ultrapassado pela Polónia entre os novos Estados membros para que existe informação), a despeito do crescimento da riqueza do país e do aumento da carga fiscal.
É claro que o problema é difícil e é também evidente que não é possível resolvê-lo procurando manter os condicionalismos passados, que levam a que tudo corra bem apenas quando as conjunturas e os apoios externos são de tal modo favoráveis que ocultam o que está mal. Na situação actual, persistir nesse caminho apenas reduz a capacidade de crescimento do emprego e do rendimento e agrava as ineficiências, os desperdícios e as desigualdades. Alterá-los pressupõe, contudo, o aumento da confiança e da coesão social.
Para retomar o raciocínio dos técnicos do Banco Mundial, os bons políticos portugueses – no governo ou na oposição – serão os que se mostrarem capazes de actuar sobre estas variáveis e de compreender que elas são mais importantes que a conquista do poder no curto prazo. Por um lado, já se tornou claro que, em democracia – felizmente! – o poder (ou a oposição) nunca duram muito; por outro, é tempo de perceber que o impacto duradouro das políticas não pode basear-se apenas na sua popularidade imediata, mas tem de contribuir para a construção de modelos eficientes e sustentáveis. Tais modelos têm, mais do que nunca, de assumir o carácter compassivo das políticas e a luta contra a exclusão, mas isso implica o combate sem tréguas à captura do Estado por grupos de interesses que há muito se especializaram em tirar partido da fragilidade e da desconfiança inerentes à sociedade para perpetuarem os seus privilégios.
(Sublinhados meus.)
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