Será que, cinquenta e um anos depois, vai nevar a sul? O anúncio de uma forte vaga de frio, e da probabilidade de chover no sul, fez-me retornar à realidade de 1954.
“O Instituto de Meteorologia disse à TSF que os dias mais frios serão 26 e 27 de Janeiro, podendo as temperaturas baixar aos 10 graus negativos nas terras altas.
Os técnicos deste organismo consideram também que, a partir do próximo dia 27, há alguma probabilidade, embora muito baixa, de chover no Centro e no Sul do país. Mesmo assim, não deverão ser quantidades significativas.”
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
domingo, janeiro 23
sábado, janeiro 22
Programa do PS
O Programa do PS para as eleições legislativas já está disponível aqui.
Uma primeira leitura “em diagonal” permite perceber que se trata de uma peça bem estruturada. Sem prejuízo de um juízo crítico que espero concretizar a propósito, em particular, das áreas que mais me interessam, é um bom augúrio.
Uma primeira leitura “em diagonal” permite perceber que se trata de uma peça bem estruturada. Sem prejuízo de um juízo crítico que espero concretizar a propósito, em particular, das áreas que mais me interessam, é um bom augúrio.
Floresta (2)
(…) “Assim continuarei até entrar na floresta donde não se volta. Que seja o mais tarde possível. Apesar de tudo gosto de perder-me entre as árvores. Descobrir belas adormecidas, embora poucas vezes consiga desencantá-las; pensar no som ausente do vento; ver de quando em quando o cristal do céu, a abóbada das clareiras; vaguear, indagar, viver.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 10 (3 de 3)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 10 (3 de 3)
IRC, chuva de milhões
O Ministro das Finanças é o mesmo, o tal da competência especial! O Director do Fisco é o mesmo, o tal do ordenado especial!
Faltam 28 dias!
"Migração de informação para novo sistema informático não foi assumida correctamente
Fisco devolveu por erro milhões de euros a empresas"
Faltam 28 dias!
"Migração de informação para novo sistema informático não foi assumida correctamente
Fisco devolveu por erro milhões de euros a empresas"
Barata Tonta
No “Expresso da Meia-noite” Santana Lopes parecia uma “barata tonta”. Entrevistado por três jornalistas a sério, mesmo que não se goste deles, parecia um personagem em busca do seu papel. Um vazio absoluto.
No fim não foi apresentada, como é habitual, a primeira página do “Expresso”. Logo me pareceu que quiseram evitar ser deselegantes para Santana Lopes. De facto vejo agora que nessa primeira página se anuncia o primeiro candidato a Presidente do PSD após a derrota de Santana nas eleições.
“Mendes na calha
A SUCESSÃO no PSD já está em marcha. Marques Mendes tem tudo preparado para exigir um Congresso extraordinário e lançar-se na corrida à liderança em caso de derrota do PSD a 20 de Fevereiro, independentemente de José Sócrates conseguir ou não a maioria absoluta. «Se o PSD perder, isso significa uma mudança de ciclo político, uma alteração de fundo para o PSD com a saída do poder. E será necessário um Congresso para decidir o caminho e o futuro», justifica ao EXPRESSO fonte próxima do ex-ministro.”
“Expresso on line”
No fim não foi apresentada, como é habitual, a primeira página do “Expresso”. Logo me pareceu que quiseram evitar ser deselegantes para Santana Lopes. De facto vejo agora que nessa primeira página se anuncia o primeiro candidato a Presidente do PSD após a derrota de Santana nas eleições.
“Mendes na calha
A SUCESSÃO no PSD já está em marcha. Marques Mendes tem tudo preparado para exigir um Congresso extraordinário e lançar-se na corrida à liderança em caso de derrota do PSD a 20 de Fevereiro, independentemente de José Sócrates conseguir ou não a maioria absoluta. «Se o PSD perder, isso significa uma mudança de ciclo político, uma alteração de fundo para o PSD com a saída do poder. E será necessário um Congresso para decidir o caminho e o futuro», justifica ao EXPRESSO fonte próxima do ex-ministro.”
“Expresso on line”
sexta-feira, janeiro 21
O Nada Assumido
O PP anuncia o nada. O paradigma da promessa incumprível. Um caso de estudo para a ciência política. As cidades candidatas aos JO de 2012 estão escolhidas. Assunto arrumado. Então que tal anunciar a candidatura de Lisboa?
CDS-PP compromete-se a estudar realização dos Jogos Olímpicos de 2012 em Lisboa
"Telmo Correia assumiu hoje, na apresentação da lista de candidatos do CDS pelo círculo de Lisboa, o compromisso de estudar a realização na capital portuguesa dos Jogos Olímpicos de 2012, embora o Comité Olímpico Internacional já tenha escolhido as cidades candidatas e já não seja possível entregar uma nova candidatura."
CDS-PP compromete-se a estudar realização dos Jogos Olímpicos de 2012 em Lisboa
"Telmo Correia assumiu hoje, na apresentação da lista de candidatos do CDS pelo círculo de Lisboa, o compromisso de estudar a realização na capital portuguesa dos Jogos Olímpicos de 2012, embora o Comité Olímpico Internacional já tenha escolhido as cidades candidatas e já não seja possível entregar uma nova candidatura."
Floresta (1)
"1) Floresta: nova constelação, novo signo astrológico. O meu destino sob outro influxo. Pedra preciosa: o poema petrificado.
2) Cada passo, livro, acaso, opção, paixão, me levou sempre a uma floresta. Primeiro a Amazónia insondável onde nasci. Depois a infância, a literatura, a insónia, o amor, a constante derrota política, a hantise da doença, a inadaptação aos códigos, a mania obsessiva do sonho. Floresta de florestas, desdobrando-se em mil raízes entrelaçadas, numa natureza demasiado pobre para tanto excesso.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 10 (2 de 3)
2) Cada passo, livro, acaso, opção, paixão, me levou sempre a uma floresta. Primeiro a Amazónia insondável onde nasci. Depois a infância, a literatura, a insónia, o amor, a constante derrota política, a hantise da doença, a inadaptação aos códigos, a mania obsessiva do sonho. Floresta de florestas, desdobrando-se em mil raízes entrelaçadas, numa natureza demasiado pobre para tanto excesso.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 10 (2 de 3)
Faltam 29 dias
O debate eleitoral é o que é. Hoje e amanhã PSD e PS apresentam os respectivos programas. Seria o momento oportuno para uma viragem no rumo do debate. Mas ninguém acredita que mude alguma coisa de essencial.
Ninguém está verdadeiramente interessado na economia real, no clima, na seca, na pobreza, nas desigualdades sociais, na reforma da administração pública, no combate à corrupção, no envelhecimento demográfico, na educação e formação, na cidadania, na imigração… Os temas constarão dos programas. Mas a sua transposição para a prática política é pouco mediática.
As mudanças são empreendimentos que comportam demasiados riscos e complexas operações de engenharia social. Por outro lado, como diria José Gil a inveja é, em Portugal, um sistema. Fazer obra perturba a paz dos espíritos. Não dá votos. Ou seja, tudo o que é “fazer futuro” requer tempo, estudo, ponderação, um compromisso geracional.
Há quem se preocupe com a verdadeira política. Mas são poucos, cada vez menos. Marginais e heréticos. Refugiados no silêncio da revolta.
Ninguém está verdadeiramente interessado na economia real, no clima, na seca, na pobreza, nas desigualdades sociais, na reforma da administração pública, no combate à corrupção, no envelhecimento demográfico, na educação e formação, na cidadania, na imigração… Os temas constarão dos programas. Mas a sua transposição para a prática política é pouco mediática.
As mudanças são empreendimentos que comportam demasiados riscos e complexas operações de engenharia social. Por outro lado, como diria José Gil a inveja é, em Portugal, um sistema. Fazer obra perturba a paz dos espíritos. Não dá votos. Ou seja, tudo o que é “fazer futuro” requer tempo, estudo, ponderação, um compromisso geracional.
Há quem se preocupe com a verdadeira política. Mas são poucos, cada vez menos. Marginais e heréticos. Refugiados no silêncio da revolta.
quinta-feira, janeiro 20
"A Árvore dos Tamancos"
No cimo da página dez do “livro artesanal” de “O Aprendiz de Feiticeiro” escrevi:
“A “Árvore dos Tamancos” fez-me, a mim, uma enorme e saudável impressão como reconstituição da infância vivida no meio camponês. Os mesmos cânticos, as mesmas desfolhadas, a mesma calma carícia do lume e do jogo de fazer as horas esperarem por nós, o mesmo ritmo comandado pelo homem vigoroso por dentro e calmo por fora que cria a sua própria riqueza do seu chão que a morte estruma mais tarde ou mais cedo. É um ciclo inacessível à maioria dos “animais” urbanos que dessa forma ficam incapazes de entender a vida inteira e de se transformarem a si próprios pois perdem um precioso termo de comparação.”
Carlos de Oliveira escreveu:
“Mas voltando à medicina: o mundo camponês (e digo camponês porque a maioria das histórias vem do campo) é evidentemente rudimentar, supersticioso, fatalista, apesar da finura crítica que o ilumina. E assim, quando há doenças e doentes, a última decisão pertence apenas ao arbítrio da Morte.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 10 (1 de 3)
“A “Árvore dos Tamancos” fez-me, a mim, uma enorme e saudável impressão como reconstituição da infância vivida no meio camponês. Os mesmos cânticos, as mesmas desfolhadas, a mesma calma carícia do lume e do jogo de fazer as horas esperarem por nós, o mesmo ritmo comandado pelo homem vigoroso por dentro e calmo por fora que cria a sua própria riqueza do seu chão que a morte estruma mais tarde ou mais cedo. É um ciclo inacessível à maioria dos “animais” urbanos que dessa forma ficam incapazes de entender a vida inteira e de se transformarem a si próprios pois perdem um precioso termo de comparação.”
Carlos de Oliveira escreveu:
“Mas voltando à medicina: o mundo camponês (e digo camponês porque a maioria das histórias vem do campo) é evidentemente rudimentar, supersticioso, fatalista, apesar da finura crítica que o ilumina. E assim, quando há doenças e doentes, a última decisão pertence apenas ao arbítrio da Morte.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 10 (1 de 3)
quarta-feira, janeiro 19
Pequenez
O país é demasiado pequeno para tantas promessas do governo. Todos os dias sem parar. Já se sabia que iria ser assim. O povo português aguenta. Os perdedores anunciados destilam ódio por todos os poros. Faltam 30 dias. São os dias do desespero. Tudo se pode esperar dos desesperados.
A grandeza dos homens emerge nos momentos difíceis. Mas os nossos governantes desconhecem a palavra grandeza, só conhecem a palavra poder. Desconhecem a palavra dignidade, só conhecem a palavra arrogância. Desconhecem a palavra compaixão, só conhecem a palavra vingança.
A grandeza dos homens emerge nos momentos difíceis. Mas os nossos governantes desconhecem a palavra grandeza, só conhecem a palavra poder. Desconhecem a palavra dignidade, só conhecem a palavra arrogância. Desconhecem a palavra compaixão, só conhecem a palavra vingança.
A Dignidade
“10) Fala duma personagem de romance:
- Dizem em voz alta, não muito alta: que porcaria, que nojo de sociedade, e em voz baixa, baixíssima: ora, o que é preciso é “triunfar”. Esta consciência elástica lembra o chewing-gum e pega-se fatalmente à esquerda e à direita. Por mais dez réis de propaganda ou al contado (também faz jeito). Por ninharias. E no entanto a dignidade cultiva-se como a beterraba ou as abóboras. Semeando-a, adubando-a, colhendo-a na altura própria. Muito rústico? Está bem, arranja-se outra coisa. Citadina. A dignidade, desenvolve-a uma ginástica vigilante e diária, que requer apenas paciência, atenção, vontade. Com uns anos de exercício torna-se instintiva, uma espécie de segunda natureza. Pouco maleável (rentável) na prática social mas esse defeito compensa-o largamente a tranquilidade interior (moral) que permite o crescimento livre de certa intranquilidade (imaginativa, criadora), ponto de partida para toda a obra literária alguns furos acima das “necessidades do mercado”. O que sucede nos casos vulgares é a falta da primeira liquidar a outra ou impedi-la dum completo desenvolvimento. E não me venham com o exemplo de alguns génios i(ou a)morais, porque posso arranjar logo uma dúzia de outros génios para contrapor a esses e, sobretudo, porque disse: nos casos vulgares.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 9 (1 de 1)
- Dizem em voz alta, não muito alta: que porcaria, que nojo de sociedade, e em voz baixa, baixíssima: ora, o que é preciso é “triunfar”. Esta consciência elástica lembra o chewing-gum e pega-se fatalmente à esquerda e à direita. Por mais dez réis de propaganda ou al contado (também faz jeito). Por ninharias. E no entanto a dignidade cultiva-se como a beterraba ou as abóboras. Semeando-a, adubando-a, colhendo-a na altura própria. Muito rústico? Está bem, arranja-se outra coisa. Citadina. A dignidade, desenvolve-a uma ginástica vigilante e diária, que requer apenas paciência, atenção, vontade. Com uns anos de exercício torna-se instintiva, uma espécie de segunda natureza. Pouco maleável (rentável) na prática social mas esse defeito compensa-o largamente a tranquilidade interior (moral) que permite o crescimento livre de certa intranquilidade (imaginativa, criadora), ponto de partida para toda a obra literária alguns furos acima das “necessidades do mercado”. O que sucede nos casos vulgares é a falta da primeira liquidar a outra ou impedi-la dum completo desenvolvimento. E não me venham com o exemplo de alguns génios i(ou a)morais, porque posso arranjar logo uma dúzia de outros génios para contrapor a esses e, sobretudo, porque disse: nos casos vulgares.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 9 (1 de 1)
Eugénio de Andrade
82 anos. Hoje. Uma singela homenagem entre muitas. Um poema breve.
CODA
Nenhum pensar agora: calma
e profunda corrente de silêncio
entre mim e o que de mim ainda
se aproxima: simples fulgor
antes de arder no cume
talvez a cal: ou só o seu rumor.
in "véspera da água"
CODA
Nenhum pensar agora: calma
e profunda corrente de silêncio
entre mim e o que de mim ainda
se aproxima: simples fulgor
antes de arder no cume
talvez a cal: ou só o seu rumor.
in "véspera da água"
"Levantamento Nacional"
Também acho que vai haver um “levantamento nacional” no dia 20 de Fevereiro. O problema é que me parece que a primeira vítima vai ser quem o proclama. O desespero é mau conselheiro.
Santana Lopes: dissolução do Parlamento foi "embuste político"
"O líder do PSD, Pedro Santana Lopes, afirmou ontem à noite em Mira (Coimbra) que a dissolução do Parlamento foi um "embuste político", e disse esperar que nas eleições de Fevereiro haja um "levantamento nacional" contra a decisão."
Santana Lopes: dissolução do Parlamento foi "embuste político"
"O líder do PSD, Pedro Santana Lopes, afirmou ontem à noite em Mira (Coimbra) que a dissolução do Parlamento foi um "embuste político", e disse esperar que nas eleições de Fevereiro haja um "levantamento nacional" contra a decisão."
terça-feira, janeiro 18
Pecadoras Mentais
A propósito de um longo fragmento que começa assim: “Alguém me observou há tempos que as mulheres pequeno-burguesas dos meus livros são mais ou menos pecadoras mentais.” (…) Escrevi um pequeno intróito a esta página 8 do meu livro artesanal que reza assim: “ A descrição da vida social e da moral onde fui educado e que nunca aceitei, nem sei sequer explicar muito bem porquê, mas que explica certamente muita coisa.”
E Carlos de Oliveira, mais à frente, escreve: “Este ódio do homem pela mulher, com o fascínio equívoco, habitual, que a vítima exerce no carrasco e vice-versa (é bom não nos esquecermos disso), vem de longe e vicejou em todas as comunidades ocidentais à sombra da moral católica ou protestante. Trata-se com efeito de ódio, organizado socialmente como punição antes e depois do “pecado”: antes, para prevenir a falta e reprimir desde logo a tendência pecaminosa atribuída há muito ao sexo feminino; depois, para castigo exemplar. (…)”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 8 (1 de 1)
E Carlos de Oliveira, mais à frente, escreve: “Este ódio do homem pela mulher, com o fascínio equívoco, habitual, que a vítima exerce no carrasco e vice-versa (é bom não nos esquecermos disso), vem de longe e vicejou em todas as comunidades ocidentais à sombra da moral católica ou protestante. Trata-se com efeito de ódio, organizado socialmente como punição antes e depois do “pecado”: antes, para prevenir a falta e reprimir desde logo a tendência pecaminosa atribuída há muito ao sexo feminino; depois, para castigo exemplar. (…)”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 8 (1 de 1)
A Justiça Enclausurada na Casa do Gaiato
Reproduzo duas notícias: a primeira de 18 de Novembro de 2004 e a segunda de hoje, 18 de Janeiro de 2005, referentes à situação da “Casa do Gaiato”.
Dois meses de diferença. Na primeira a imagem pública de uma instituição, prestigiada e com história, é lançada na lama por um relatório da Inspecção-geral da Segurança Social. Na segunda o Ministro assegura que a “dignidade da instituição vai ser reposta”.
Algumas perguntas:
-Quem foi o ministro que mandou efectuar a referida auditoria?
-Quem foi o Inspector-geral que aprovou o relatório final da auditoria que deu origem à primeira notícia?
-Quem é a relatora do dito relatório?
-Quem divulgou para a comunicação social o teor do referido relatório?
-O que mudou de essencial, em dois meses, para transformar a “Casa do Gaiato” de um “inferno”, pelo menos num “purgatório”, ou mesmo num “paraíso”?
-Que consequências vão ser retiradas pelo governo face aos danos provocados na imagem pública da instituição e na honorabilidade dos seus responsáveis?
NOTÍCIA DE 18 DE NOVEMBRO DE 2004
«Clausura» e «repressão» na Casa do Gaiato
"Uma auditoria da Inspecção-Geral da Segurança Social à Casa do Gaiato conclui que nesta instituição as crianças e jovens vivem um clima de «clausura» e «repressão», agravado por sérios indícios de maus-tratos.
A auditoria da Inspecção-Geral da Segurança Social à Casa do Gaiato está concluída e as conclusões, divulgadas esta quinta-feira, pelo jornal «Público» são devastadoras para a obra do Padre Américo.·No relatório lê-se que na Casa do Gaiato vive-se um clima de «isolamento, clausura e repressão», agravado por sérios indícios de maus-tratos. A relatora recomenda que todos os menores sejam retirados do local."
NOTÍCIA DE 18 DE JANEIRO DE 2005
Eventuais maus-tratos na Casa do Gaiato «pontuais»
"O ministro da Segurança Social, Fernando Negrão, considerou que os eventuais maus-tratos na Casa do Gaiato são «pontuais» e defendeu que, em menos de um mês poderá ser levantada a proibição de envio de crianças para esta instituição.
Fernando Negrão na visita que efectuou, esta terça-feira, à Casa do Gaiato, em Paços de Sousa, Penafiel, deu um «voto de confiança» e prometeu que a dignidade da instituição vai ser resposta."
Dois meses de diferença. Na primeira a imagem pública de uma instituição, prestigiada e com história, é lançada na lama por um relatório da Inspecção-geral da Segurança Social. Na segunda o Ministro assegura que a “dignidade da instituição vai ser reposta”.
Algumas perguntas:
-Quem foi o ministro que mandou efectuar a referida auditoria?
-Quem foi o Inspector-geral que aprovou o relatório final da auditoria que deu origem à primeira notícia?
-Quem é a relatora do dito relatório?
-Quem divulgou para a comunicação social o teor do referido relatório?
-O que mudou de essencial, em dois meses, para transformar a “Casa do Gaiato” de um “inferno”, pelo menos num “purgatório”, ou mesmo num “paraíso”?
-Que consequências vão ser retiradas pelo governo face aos danos provocados na imagem pública da instituição e na honorabilidade dos seus responsáveis?
NOTÍCIA DE 18 DE NOVEMBRO DE 2004
«Clausura» e «repressão» na Casa do Gaiato
"Uma auditoria da Inspecção-Geral da Segurança Social à Casa do Gaiato conclui que nesta instituição as crianças e jovens vivem um clima de «clausura» e «repressão», agravado por sérios indícios de maus-tratos.
A auditoria da Inspecção-Geral da Segurança Social à Casa do Gaiato está concluída e as conclusões, divulgadas esta quinta-feira, pelo jornal «Público» são devastadoras para a obra do Padre Américo.·No relatório lê-se que na Casa do Gaiato vive-se um clima de «isolamento, clausura e repressão», agravado por sérios indícios de maus-tratos. A relatora recomenda que todos os menores sejam retirados do local."
NOTÍCIA DE 18 DE JANEIRO DE 2005
Eventuais maus-tratos na Casa do Gaiato «pontuais»
"O ministro da Segurança Social, Fernando Negrão, considerou que os eventuais maus-tratos na Casa do Gaiato são «pontuais» e defendeu que, em menos de um mês poderá ser levantada a proibição de envio de crianças para esta instituição.
Fernando Negrão na visita que efectuou, esta terça-feira, à Casa do Gaiato, em Paços de Sousa, Penafiel, deu um «voto de confiança» e prometeu que a dignidade da instituição vai ser resposta."
Falta de Vergonha
Tudo estava previsto para 2006. Mas sempre se arranja uma esmola para a véspera do dia de votar. A falta de vergonha no seu máximo esplendor.
"Aumentos concretizam-se uns dias antes das eleições
Função Pública Trabalhadores e pensionistas só sentirão os aumentos, fixados em 2,2%, em Fevereiro Portaria ontem publicada leva sindidatos a sublinhar que o atraso "não é comum"
"Quando no dia 17 de Fevereiro os reformados do Estado (aqueles que são abrangidos pela Caixa Geral de Aposentações) receberem a sua reforma vão verificar que esta não só inclui o aumento de 2,2% fixado para este ano, como também o correspondente retroactivo de Janeiro. Um reforço salarial que chega às contas escassos dias antes das eleições legislativas, enquanto no caso dos funcionários públicos, naquela data, o aumento ainda só constará no recibo do ordenado, que já terão recebido."
"Aumentos concretizam-se uns dias antes das eleições
Função Pública Trabalhadores e pensionistas só sentirão os aumentos, fixados em 2,2%, em Fevereiro Portaria ontem publicada leva sindidatos a sublinhar que o atraso "não é comum"
"Quando no dia 17 de Fevereiro os reformados do Estado (aqueles que são abrangidos pela Caixa Geral de Aposentações) receberem a sua reforma vão verificar que esta não só inclui o aumento de 2,2% fixado para este ano, como também o correspondente retroactivo de Janeiro. Um reforço salarial que chega às contas escassos dias antes das eleições legislativas, enquanto no caso dos funcionários públicos, naquela data, o aumento ainda só constará no recibo do ordenado, que já terão recebido."
Avisos à Navegação
A SEDES vai tornar público um documento ao qual se deve dar muita atenção. O populismo e o eleitoralismo, fundados em promessas irrealizáveis, vão encher as notícias. Já nestes dias se assistiu a um bombardeamento de promessas impossíveis de cumprir.
A direita apresenta-se nas eleições com dois líderes de perfil populista. A esquerda e, em particular, o PS não podem fazer concessões à onda populista. O documento da SEDES, neste contexto, é muito importante.
“Sedes avisa que próximo Governo terá de aumentar impostos e cortar despesa”
"A Sedes alerta ainda para o fenómeno de Portugal estar a apresentar "sinais evidentes de ingovernabilidade", com a acção política a tender para "sucumbir ao populismo e imediatismo, com sacrifícios dos resultados mais duradouros".
Segundo esta associação, "a situação é tanto mais grave quanto o Estado, crescendo em dimensão, tem sido desqualificado, enfraquecido e tornado palco indevido da disputa partidária, à custa do mérito, da competência e do sentido de serviço público"."
A direita apresenta-se nas eleições com dois líderes de perfil populista. A esquerda e, em particular, o PS não podem fazer concessões à onda populista. O documento da SEDES, neste contexto, é muito importante.
“Sedes avisa que próximo Governo terá de aumentar impostos e cortar despesa”
"A Sedes alerta ainda para o fenómeno de Portugal estar a apresentar "sinais evidentes de ingovernabilidade", com a acção política a tender para "sucumbir ao populismo e imediatismo, com sacrifícios dos resultados mais duradouros".
Segundo esta associação, "a situação é tanto mais grave quanto o Estado, crescendo em dimensão, tem sido desqualificado, enfraquecido e tornado palco indevido da disputa partidária, à custa do mérito, da competência e do sentido de serviço público"."
segunda-feira, janeiro 17
Orgulho Criador
(…) “O essencial é juntar ao pecúlio (de todos) os nossos dez réis de orgulho criador. Aqui têm, façam favor de ler. E para isso (adianto eu como hipótese já verificada), o balanço dos haveres da casa pode revelar-se útil. Não seria a primeira vez que tais revelações conduziriam a revoluções inesperadas. Uma palavra conduziu agora a outra pela mudança de duas vogais…
Também não sofro da doença do passado nem vou de barbas brancas para o Restelo malsinar os que partem. Afonso Duarte diz:
O tornar ao passado é sempre um resto
Ou pior, uma falta de saúde.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 7 (1 de 1)
Também não sofro da doença do passado nem vou de barbas brancas para o Restelo malsinar os que partem. Afonso Duarte diz:
O tornar ao passado é sempre um resto
Ou pior, uma falta de saúde.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 7 (1 de 1)
Ironias
“Santana Lopes afirma que vai continuar a inaugurar obras já concluídas”
A afirmação de Santana Lopes nada tem de extraordinário. Todos os governos fazem inaugurações nas campanhas eleitorais. O que a afirmação tem de irónico é o facto de ter sido proferida na inauguração de uma grande obra do governo socialista, o tal da “pesada herança”!
“O novo Palácio da Justiça de Sintra, que representou um investimento de mais de 26 milhões de euros e cuja construção teve início quando António Costa era ministro da Justiça do Governo socialista de António Guterres, irá acolher os tribunais de comarca, cível, criminal, de família e menores, administrativo e fiscal, além das varas mistas.”
A afirmação de Santana Lopes nada tem de extraordinário. Todos os governos fazem inaugurações nas campanhas eleitorais. O que a afirmação tem de irónico é o facto de ter sido proferida na inauguração de uma grande obra do governo socialista, o tal da “pesada herança”!
“O novo Palácio da Justiça de Sintra, que representou um investimento de mais de 26 milhões de euros e cuja construção teve início quando António Costa era ministro da Justiça do Governo socialista de António Guterres, irá acolher os tribunais de comarca, cível, criminal, de família e menores, administrativo e fiscal, além das varas mistas.”
domingo, janeiro 16
Altivez
A Inveja
Vivemos Paralisados pela Inveja José Gil
Excerto da entrevista com José Gil publicada na "Pública". A abordagem da inveja. No alvo. É isso! É isso!
P. - A incapacidade de agir vem de dentro, do nosso medo. Mas, quando alguém tenta, o que acontece? Temos a aprovação ou a sanção dos outros?
R. - Uma sanção terrível. É o mecanismo da inveja.
P. - Não agimos, mas também não deixamos ninguém agir. Como funciona esse mecanismo?
R. - O mecanismo da inveja tem a ver com práticas da magia, o "mau olhado", o "quebranto", e também com o que em psiquiatria se chama "transferência psicótica", ou seja, o que passa de uma pessoa para outra e não é verbal. Imagine que você chega ao pé dos seus colegas e diz: "Fiz uma reportagem extraordinária!" E não está a falar por vaidade, mas objectivamente. Mas logo o tipo que está a seu lado diz: "Ai sim? Pois muito bem." E com este tom introduz em si um afecto inconsciente que o vai paralisar.
P. - É um mecanismo semelhante ao do ostracismo?
R. - Exactamente. Cria-se um ambiente que é hostil à iniciativa e que tem um efeito sobre a própria vontade de querer fazer. Isto é generalizado em Portugal. A inveja é mais do que um sentimento. É um sistema. E não é apenas individual: criam-se grupos de inveja. Várias pessoas manifestam-se simultaneamente contra a sua iniciativa. Cria-se um ambiente de inveja. Um grupo determinado age segundo os regulamentos da inveja.
P. - É uma atitude concertada ou inconsciente?
R. - Pode ser concertada ou inconsciente, mas funciona. Não se permite que numa empresa, num escritório, ninguém ultrapasse a linha da média baixa. Vivemos reconhecendo-nos como irmãos na desgraça.
P. - Mas por que se faz isso? Não seria do interesse de todos encorajar cada um a fazer melhor?
R. - Sim, mas há um efeito de espelhos. Se você faz alguma coisa de forte, isso deveria ser um estímulo para mim, para fazer algo também forte. Mas não. Vê-lo forte diminui-me a mim. Vê-lo com intensidade, com iniciativa, faz-me pensar, por causa da imagem que tenho de mim, na minha pobre condição, em que não faço nada. E faço tudo para destruir a sua iniciativa, para que eu possa viver. Você sufoca-me com a sua energia. Terrível isto. Uma pessoa sufoca a outra com a sua energia. E o resultado é que estamos todos sem energia.
P. - Mas para que essa acção da inveja tenha efeito não é necessário que a "vítima" esteja vulnerável?
R. - Precisamente. Um etnólogo pôs-me essa questão. Disse: só se é afectado pela inveja quando se quer, quando se está num estado determinado. Eu respondo: sim, em quem tem a pele grossa não entra nada. São as pessoas porosas que são fragéis. E isso é típico de Portugal. Os portugueses são sensíveis, porque não são maduros. Isso poderia ser maravilhoso. Somos pessoas de pequenas percepções, de intuições imediatas, e por isso sentimos quando alguém está a torcer para que não avancemos. Faz curto-circuito, fecha o espaço das possibilidades. É um sistema.
P. - Uma espécie de acordo tácito para que ninguém aja, ninguém ameace, e possamos viver em paz.
R. - Precisamente. Para que possamos viver em paz. Porque temos medo do conflito.
P. - Daí os "brandos costumes"?
R. - Recusamos o conflito a céu aberto, mas temos uma violência incrível na nossa sociedade. Violência doméstica em relação às crianças. Os brandos costumes escondem uma violência subterrânea enorme.
Excerto da entrevista com José Gil publicada na "Pública". A abordagem da inveja. No alvo. É isso! É isso!
P. - A incapacidade de agir vem de dentro, do nosso medo. Mas, quando alguém tenta, o que acontece? Temos a aprovação ou a sanção dos outros?
R. - Uma sanção terrível. É o mecanismo da inveja.
P. - Não agimos, mas também não deixamos ninguém agir. Como funciona esse mecanismo?
R. - O mecanismo da inveja tem a ver com práticas da magia, o "mau olhado", o "quebranto", e também com o que em psiquiatria se chama "transferência psicótica", ou seja, o que passa de uma pessoa para outra e não é verbal. Imagine que você chega ao pé dos seus colegas e diz: "Fiz uma reportagem extraordinária!" E não está a falar por vaidade, mas objectivamente. Mas logo o tipo que está a seu lado diz: "Ai sim? Pois muito bem." E com este tom introduz em si um afecto inconsciente que o vai paralisar.
P. - É um mecanismo semelhante ao do ostracismo?
R. - Exactamente. Cria-se um ambiente que é hostil à iniciativa e que tem um efeito sobre a própria vontade de querer fazer. Isto é generalizado em Portugal. A inveja é mais do que um sentimento. É um sistema. E não é apenas individual: criam-se grupos de inveja. Várias pessoas manifestam-se simultaneamente contra a sua iniciativa. Cria-se um ambiente de inveja. Um grupo determinado age segundo os regulamentos da inveja.
P. - É uma atitude concertada ou inconsciente?
R. - Pode ser concertada ou inconsciente, mas funciona. Não se permite que numa empresa, num escritório, ninguém ultrapasse a linha da média baixa. Vivemos reconhecendo-nos como irmãos na desgraça.
P. - Mas por que se faz isso? Não seria do interesse de todos encorajar cada um a fazer melhor?
R. - Sim, mas há um efeito de espelhos. Se você faz alguma coisa de forte, isso deveria ser um estímulo para mim, para fazer algo também forte. Mas não. Vê-lo forte diminui-me a mim. Vê-lo com intensidade, com iniciativa, faz-me pensar, por causa da imagem que tenho de mim, na minha pobre condição, em que não faço nada. E faço tudo para destruir a sua iniciativa, para que eu possa viver. Você sufoca-me com a sua energia. Terrível isto. Uma pessoa sufoca a outra com a sua energia. E o resultado é que estamos todos sem energia.
P. - Mas para que essa acção da inveja tenha efeito não é necessário que a "vítima" esteja vulnerável?
R. - Precisamente. Um etnólogo pôs-me essa questão. Disse: só se é afectado pela inveja quando se quer, quando se está num estado determinado. Eu respondo: sim, em quem tem a pele grossa não entra nada. São as pessoas porosas que são fragéis. E isso é típico de Portugal. Os portugueses são sensíveis, porque não são maduros. Isso poderia ser maravilhoso. Somos pessoas de pequenas percepções, de intuições imediatas, e por isso sentimos quando alguém está a torcer para que não avancemos. Faz curto-circuito, fecha o espaço das possibilidades. É um sistema.
P. - Uma espécie de acordo tácito para que ninguém aja, ninguém ameace, e possamos viver em paz.
R. - Precisamente. Para que possamos viver em paz. Porque temos medo do conflito.
P. - Daí os "brandos costumes"?
R. - Recusamos o conflito a céu aberto, mas temos uma violência incrível na nossa sociedade. Violência doméstica em relação às crianças. Os brandos costumes escondem uma violência subterrânea enorme.
sábado, janeiro 15
Até à Data Não Voltou a Nevar
(…)
"Chegavam do Matadouro os gritos dos bichos sacrificados, mas chegavam a custo, na atmosfera espessa, quebrando-se contra as esquinas e as telhas vítreas que os desfaziam num amplo murmúrio de dor. Pouco a pouco, abria-se a madrugada. Pareceu-me então que a sua claridade vinha de propósito aplacar a fúria da neve. Felizmente, porque não era ainda capaz de dirigir o meu próprio poder…
Quando for, talvez tente de novo, se o anjo estiver distraído outra vez. Nessa altura dominarei a neve, transformarei a cidade numa acrópole de gelo (Camilo Pessanha), para a ressuscitar depois sem quartos de aluguer.
Pode ser apenas coincidência, mas até à data não voltou a nevar.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 6 (3 de 3)
"Chegavam do Matadouro os gritos dos bichos sacrificados, mas chegavam a custo, na atmosfera espessa, quebrando-se contra as esquinas e as telhas vítreas que os desfaziam num amplo murmúrio de dor. Pouco a pouco, abria-se a madrugada. Pareceu-me então que a sua claridade vinha de propósito aplacar a fúria da neve. Felizmente, porque não era ainda capaz de dirigir o meu próprio poder…
Quando for, talvez tente de novo, se o anjo estiver distraído outra vez. Nessa altura dominarei a neve, transformarei a cidade numa acrópole de gelo (Camilo Pessanha), para a ressuscitar depois sem quartos de aluguer.
Pode ser apenas coincidência, mas até à data não voltou a nevar.”
“O Aprendiz de Feiticeiro”- Carlos de Oliveira
Fragmentos – pag. 6 (3 de 3)
A Entrevista
Não dá para acreditar em nada.
Só habilidades daquele género Quaresma, em velocidade de cruzeiro.
Passa a bola por cima da cabeça recolhe-a com o pé esquerdo, passa para o direito, vai à linha, volta para trás, simula rematar, afinal não remata... esquece os companheiros de equipa, joga só para ele…
O Pacheco Pereira até já só se dedica ao Titã. Palavras para quê!
Só habilidades daquele género Quaresma, em velocidade de cruzeiro.
Passa a bola por cima da cabeça recolhe-a com o pé esquerdo, passa para o direito, vai à linha, volta para trás, simula rematar, afinal não remata... esquece os companheiros de equipa, joga só para ele…
O Pacheco Pereira até já só se dedica ao Titã. Palavras para quê!
Os Estranhos Critérios do Expresso
Hoje uma sondagem encomendada, entre outros órgãos de comunicação social, pelo Expresso, não merece sequer uma chamada de primeira página na edição em papel deste semanário. No entanto, na versão on-line, os resultados dessa sondagem merecem o máximo destaque.
Ainda se poderia dizer que a referida sondagem não apresenta novidade nenhuma dando o PS como virtual vencedor das próximas eleições no limiar da maioria absoluta.
A questão está em que a sondagem apresenta, de facto, uma novidade e que consiste na convicção de quase dois terços dos inquiridos que afirmam preferir que, das eleições, resulte uma maioria absoluta.
Ora como dois e dois são quatro, a maioria absoluta só poderá ser alcançada pelo PS atendendo a que na sondagem anterior mais de 80% dos inquiridos se mostravam convencidos de que seria o PS o vencedor das eleições.
“OS PORTUGUESES estão hoje confirmadamente rendidos às virtudes da estabilidade governativa e à necessidade da maioria absoluta. Se necessário fosse, a sondagem EXPRESSO-SIC-Renascença/Eurosondagem não deixa margem para dúvidas: praticamente dois em cada três eleitores acham que o próximo Governo deve contar com o apoio de mais de metade do Parlamento.”
"Expresso on line"
Ainda se poderia dizer que a referida sondagem não apresenta novidade nenhuma dando o PS como virtual vencedor das próximas eleições no limiar da maioria absoluta.
A questão está em que a sondagem apresenta, de facto, uma novidade e que consiste na convicção de quase dois terços dos inquiridos que afirmam preferir que, das eleições, resulte uma maioria absoluta.
Ora como dois e dois são quatro, a maioria absoluta só poderá ser alcançada pelo PS atendendo a que na sondagem anterior mais de 80% dos inquiridos se mostravam convencidos de que seria o PS o vencedor das eleições.
“OS PORTUGUESES estão hoje confirmadamente rendidos às virtudes da estabilidade governativa e à necessidade da maioria absoluta. Se necessário fosse, a sondagem EXPRESSO-SIC-Renascença/Eurosondagem não deixa margem para dúvidas: praticamente dois em cada três eleitores acham que o próximo Governo deve contar com o apoio de mais de metade do Parlamento.”
"Expresso on line"
sexta-feira, janeiro 14
Nunca Vi Nada Como Isto
(…)
Neve por toda a parte: árvores, telhados, ruas, cintilando sob a luz das lâmpadas; raios verdes, roxos, cruzando-se no ar, chocavam e do choque nascia um grande revérbero azulado que lembrava a cor das descargas eléctricas; mais lento em todo o caso, modelado pelo vento quase imperceptível.
O filtro mágico das palavras (pensei, cheio de espanto), aí está ele. E senti a mão de Gelnaa apertar-me o ombro: - Nunca vi nada como isto.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 6 (2 de 3)
Neve por toda a parte: árvores, telhados, ruas, cintilando sob a luz das lâmpadas; raios verdes, roxos, cruzando-se no ar, chocavam e do choque nascia um grande revérbero azulado que lembrava a cor das descargas eléctricas; mais lento em todo o caso, modelado pelo vento quase imperceptível.
O filtro mágico das palavras (pensei, cheio de espanto), aí está ele. E senti a mão de Gelnaa apertar-me o ombro: - Nunca vi nada como isto.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 6 (2 de 3)
Orlando Ribeiro
Um Caso de Polícia
O assunto já era conhecido mas ganhou, subitamente, algum impacto mediático.
O blog r.precision investigou e publicou.
Mas falta a parte da história do magistrado enquanto Inspector Geral da Segurança Social cargo que exerceu, nomeado pelo Dr. Bagão Félix, até assumir as funções de Director da PSP.
Como se pode ler em vários blogs nada disto teria importância nenhuma não se desse o caso da Junta Médica ter decidido o que decidiu pelas razões que agora se conhecem.
O blog r.precision investigou e publicou.
Mas falta a parte da história do magistrado enquanto Inspector Geral da Segurança Social cargo que exerceu, nomeado pelo Dr. Bagão Félix, até assumir as funções de Director da PSP.
Como se pode ler em vários blogs nada disto teria importância nenhuma não se desse o caso da Junta Médica ter decidido o que decidiu pelas razões que agora se conhecem.
Paisagem
Desejei-te pinheiro à beira-mar
para fixar o teu perfil exacto.
Desejei-te encerrada num retrato
para poder-te comtemplar.
Desejei que tu fosses sombra e folhas
no limite sereno desta praia.
E desejei: < dos horizontes que tu olhas!>>
Mas frágil e humano grão de areia
não me detive à tua sombra esguia.
(Insatisfeito, um corpo rodopia
na solidão que te rodeia.)
David Mourão-Ferreira
para fixar o teu perfil exacto.
Desejei-te encerrada num retrato
para poder-te comtemplar.
Desejei que tu fosses sombra e folhas
no limite sereno desta praia.
E desejei: <
Mas frágil e humano grão de areia
não me detive à tua sombra esguia.
(Insatisfeito, um corpo rodopia
na solidão que te rodeia.)
David Mourão-Ferreira
quinta-feira, janeiro 13
Eleições - Faltam 37 dias
Os partidos da maioria de direita tentam empurrar o PS para um lugar de governo virtual. Como se o PS já fosse responsável por uma política cujos efeitos negativos o povo julgará nas urnas em 20 de Fevereiro.
Os partidos da coligação do governo demissionário tentam colocar-se no lugar da oposição a um governo virtual do PS. A penalização nas urnas dessa maioria virtual é possível de explorar pela convicção esmagadora, enraizada na opinião pública, de que o PS vai ganhar as eleições.
Faltam 37 dias. Um tempo longo para a direita. Mas um tempo escasso para o PS. A direita esconde com dificuldade as suas divisões profundas. Entre partidos, no seio de cada partido e, de forma perturbante, no interior do PSD. É essa fraqueza que o PS tem de explorar.
Mas para isso o PS tem de apresentar o seu programa eleitoral depressa e bem. Os ensaios, convenhamos, não têm sido brilhantes.
Os partidos da coligação do governo demissionário tentam colocar-se no lugar da oposição a um governo virtual do PS. A penalização nas urnas dessa maioria virtual é possível de explorar pela convicção esmagadora, enraizada na opinião pública, de que o PS vai ganhar as eleições.
Faltam 37 dias. Um tempo longo para a direita. Mas um tempo escasso para o PS. A direita esconde com dificuldade as suas divisões profundas. Entre partidos, no seio de cada partido e, de forma perturbante, no interior do PSD. É essa fraqueza que o PS tem de explorar.
Mas para isso o PS tem de apresentar o seu programa eleitoral depressa e bem. Os ensaios, convenhamos, não têm sido brilhantes.
Neve em Lisboa
(…)
“E entramos por fim no que mais interessa: acabado o impulso das primeiras palavras, afastei a cadeira distraidamente e levantei-me, tentando delinear o seguimento da peça, cuja ideia me surgira só no acto de escrever. Nenhum plano anterior, nenhum esboço. Levantei-me e andei para a janela, metido na pele do inquilino, perguntando a mim mesmo (ou a ele) se não haveria outras perguntas a fazer antes duma decisão que podia ferir o equilíbrio do mundo ou coisa parecida. Foi quando a madrugada explodiu numa féerie mais ou menos nórdica, como se tivesse realmente bastado mexer na cadeira, na ordem pré-estabelecida do quarto, para desencadear o imprevisto: uma tempestade de neve em Lisboa.” (…)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 6 (1 de 3)
“E entramos por fim no que mais interessa: acabado o impulso das primeiras palavras, afastei a cadeira distraidamente e levantei-me, tentando delinear o seguimento da peça, cuja ideia me surgira só no acto de escrever. Nenhum plano anterior, nenhum esboço. Levantei-me e andei para a janela, metido na pele do inquilino, perguntando a mim mesmo (ou a ele) se não haveria outras perguntas a fazer antes duma decisão que podia ferir o equilíbrio do mundo ou coisa parecida. Foi quando a madrugada explodiu numa féerie mais ou menos nórdica, como se tivesse realmente bastado mexer na cadeira, na ordem pré-estabelecida do quarto, para desencadear o imprevisto: uma tempestade de neve em Lisboa.” (…)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 6 (1 de 3)
Nudez
Árvores
O Helder Gonçalves é fotógrafo amador. Fotografa por prazer e amor à arte. Iniciei a edição de imagens com fotos de sua autoria.
Conheço essa sua faceta há bastante tempo. Temos um projecto, em parceria, para editar um livro.
Mas para já vamos editar um conjunto de posts com imagens de árvores legendadas com textos curtos. As fotos são dele, os textos são meus. Uma série experimental dedicada às árvores.
Conheço essa sua faceta há bastante tempo. Temos um projecto, em parceria, para editar um livro.
Mas para já vamos editar um conjunto de posts com imagens de árvores legendadas com textos curtos. As fotos são dele, os textos são meus. Uma série experimental dedicada às árvores.
quarta-feira, janeiro 12
Nevou a Sul
Uma página interessante do meu “livro artesanal” com fragmentos do “O aprendiz de Feiticeiro”, de Carlos de Oliveira, é, sem dúvida, a página 5. Nessa página, antecedendo um longo fragmento, que ocupa mais de duas páginas, escrevi um texto que assinala um dos acontecimentos mais extraordinários a que assisti na minha vida.
Eis esse curto texto:
“Noite de 1 para 2 de Fevereiro de 1954. Digo eu que andava na memória à procura desta data há anos. Depois dessa noite nunca mais nevou no Algarve (nem no sul). Foi quando vi pela primeira vez nevar ainda não tinha 7 anos e recordo como se fosse hoje. O meu pai abençoou a neve, o frio, tudo, pois fazia o carvão depositado ao ar livre pesar mais”.
O fragmento de Carlos de Oliveira começa assim:
“Contudo, relato a seguir o que me aconteceu na noite de 1 para 2 de Fevereiro de 1954, quando venci por fim a proibição interior e alinhei sem emendas ou hesitações os sessenta e três versos da primeira fala de “O Inquilino”….”
(No próximo fragmento surgirá a descrição da neve a cair em Lisboa)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 5 (1 de 1)
Eis esse curto texto:
“Noite de 1 para 2 de Fevereiro de 1954. Digo eu que andava na memória à procura desta data há anos. Depois dessa noite nunca mais nevou no Algarve (nem no sul). Foi quando vi pela primeira vez nevar ainda não tinha 7 anos e recordo como se fosse hoje. O meu pai abençoou a neve, o frio, tudo, pois fazia o carvão depositado ao ar livre pesar mais”.
O fragmento de Carlos de Oliveira começa assim:
“Contudo, relato a seguir o que me aconteceu na noite de 1 para 2 de Fevereiro de 1954, quando venci por fim a proibição interior e alinhei sem emendas ou hesitações os sessenta e três versos da primeira fala de “O Inquilino”….”
(No próximo fragmento surgirá a descrição da neve a cair em Lisboa)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 5 (1 de 1)
Afinal a Verdade era Mentira
A notícia é extraordinária pelo seu vazio paradoxal.
Os americanos deixaram de procurar o que nunca procuraram porque sabiam de antemão que não existiam armas para procurar.
O que os americanos procuravam era outra coisa que toda a gente sabe o que é e que não vão deixar de explorar porque sabem de antemão que existe.
Os americanos fizeram o favor de dar agora conhecimento ao mundo de que o pretexto para a guerra no Iraque foi arquivado.
O resto do mundo tomou conhecimento. Obrigado.
Grupo de investigadores deixou de trabalhar no terreno antes do Natal.
Estados Unidos deixaram de procurar armas de destruição maciça no Iraque
Os americanos deixaram de procurar o que nunca procuraram porque sabiam de antemão que não existiam armas para procurar.
O que os americanos procuravam era outra coisa que toda a gente sabe o que é e que não vão deixar de explorar porque sabem de antemão que existe.
Os americanos fizeram o favor de dar agora conhecimento ao mundo de que o pretexto para a guerra no Iraque foi arquivado.
O resto do mundo tomou conhecimento. Obrigado.
Grupo de investigadores deixou de trabalhar no terreno antes do Natal.
Estados Unidos deixaram de procurar armas de destruição maciça no Iraque
Os Mergulhos do Ministro (2)
Já me tinha interrogado acerca da constituição de comitiva de Morais Sarmento na viagem a S. Tomé e Principe. As notícias acerca dos petróleos começam a dar ao assunto um interesse que ultrapassa o divertimento.
Qual o teor da mensagem do PM levada por Morais Sarmento e qual o papel do administrador da Galp na comitiva? A coisa é mais complexa do que parecia...para mais com a declaração em que Álvaro Barreto diz que "desconhece ligação de viagem com interesses da Galp".
Qual o teor da mensagem do PM levada por Morais Sarmento e qual o papel do administrador da Galp na comitiva? A coisa é mais complexa do que parecia...para mais com a declaração em que Álvaro Barreto diz que "desconhece ligação de viagem com interesses da Galp".
terça-feira, janeiro 11
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira
Epitáfio
“Chamem um dos velhos cantadeiros de Ançã (a dois passos daqui) e mandem gravar na campa do poeta o epitáfio que ele próprio escreveu:
A dádiva suprema é dar a vida
Ao silêncio de pedra que é a morte.
Larga-me da vida, morte,
Faz-me da morte pedra.
Um desses humildes herdeiros dos escopros de João de Ruão. Chamem-no depressa. Com o sol que está, as palavras ficarão doiradas.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 4 (2 de 2)
A dádiva suprema é dar a vida
Ao silêncio de pedra que é a morte.
Larga-me da vida, morte,
Faz-me da morte pedra.
Um desses humildes herdeiros dos escopros de João de Ruão. Chamem-no depressa. Com o sol que está, as palavras ficarão doiradas.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 4 (2 de 2)
PS, Cuidado!
As sondagens apresentam resultados convergentes.
O PS obteria um resultado em torno dos 46% (maioria absoluta) e, mais importante, quase todos os portugueses pensam que o PS vai ganhar. Os perigos destas sondagens são evidentes para o PS.
Excesso de confiança, forte abstenção, compaixão pelos fracos, idolatria pelo chefe da maioria, menosprezo pelo programa, desprezo pelas diferenças, obsessão pelos lugares, ascensão dos mais medíocres entre os medíocres ... fico-me por aqui.
Espero que surjam, em favor do PS, umas sondagens menos radiosas apesar da actual maioria tudo fazer para perder por muitos.
O PS obteria um resultado em torno dos 46% (maioria absoluta) e, mais importante, quase todos os portugueses pensam que o PS vai ganhar. Os perigos destas sondagens são evidentes para o PS.
Excesso de confiança, forte abstenção, compaixão pelos fracos, idolatria pelo chefe da maioria, menosprezo pelo programa, desprezo pelas diferenças, obsessão pelos lugares, ascensão dos mais medíocres entre os medíocres ... fico-me por aqui.
Espero que surjam, em favor do PS, umas sondagens menos radiosas apesar da actual maioria tudo fazer para perder por muitos.
segunda-feira, janeiro 10
Afonso Duarte
“Agora, pouco importa. Caminho entre o povo, atrás do caixão de Afonso Duarte, o extraordinário gravador de lápides rústicas, e sinto que nem todas as colheitas se perdem, que as coisas se compensam umas às outras no seu obscuro equilíbrio natural.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 4 (1 de 2)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 4 (1 de 2)
Árvore
Mergulhos
Morais Sarmento foi a mergulhos.
Para uma maioria que pregou, desde o primeiro dia, a “moral e os bons costumes”, o “rigor” e a “austeridade”, que fustigou e fustiga os governos PS e os seus responsáveis pela “bancarrota”, os perseguiu, e persegue, por “despesismo” e por um interminável rol de “crimes” de lesa orçamento público, não está mal esta viagem de Morais Sarmento.
Por mais desculpas e justificações que se possam arranjar, de forma atrapalhada, está na cara que seria, no mínimo, uma manifestação de bem senso e pudor não embarcar para S. Tomé e Principe um ministro e comitiva (que comitiva?), num Falcom fretado, com sessões de mergulho, ...para assinar um protocolo mais meia dúzia de actos de rotina da cooperação.
Nada justifica esta viagem a não ser aproveitar o tempo que resta para gozar dos benefícios do poder. Até para Santana Lopes esta visita "É incómoda". Palavras...
Para uma maioria que pregou, desde o primeiro dia, a “moral e os bons costumes”, o “rigor” e a “austeridade”, que fustigou e fustiga os governos PS e os seus responsáveis pela “bancarrota”, os perseguiu, e persegue, por “despesismo” e por um interminável rol de “crimes” de lesa orçamento público, não está mal esta viagem de Morais Sarmento.
Por mais desculpas e justificações que se possam arranjar, de forma atrapalhada, está na cara que seria, no mínimo, uma manifestação de bem senso e pudor não embarcar para S. Tomé e Principe um ministro e comitiva (que comitiva?), num Falcom fretado, com sessões de mergulho, ...para assinar um protocolo mais meia dúzia de actos de rotina da cooperação.
Nada justifica esta viagem a não ser aproveitar o tempo que resta para gozar dos benefícios do poder. Até para Santana Lopes esta visita "É incómoda". Palavras...
domingo, janeiro 9
O Preço da Democracia
Não questiono que os cidadãos paguem os custos da democracia. Esses custos são sempre aceitáveis quando está em causa a escolha entre democracia e autocracia. Mas é preciso ter a coragem de reconhecer que cada vez mais cidadãos se interrogam se vale a pena pagar esses custos. Essa desconfiança assume a forma de uma simples pergunta que se ouve por todo o lugar: "vale a pena votar?".
É um sinal de desencanto com a qualidade do "produto" político que é oferecido aos cidadãos e um sinal de alarme que abre a porta à erosão da democracia e à urgência de uma reflexão acerca da reforma do regime.
Entretanto, a partir do início deste ano, com a entrada em vigor da nova
LEI DO FINANCIAMENTO DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DAS CAMPANHAS ELEITORAIS
os deputados vão ficar mais caros aos cidadãos. Todos, em geral, e, em particular, os da Região Autónoma da Madeira.
A pergunta legítima que qualquer um de nós pode fazer é se a qualidade dos partidos e dos deputados corresponde e justifica o aumento do seu custo.
As inclusões e exclusões, os posicionamentos e os critérios adoptados, pelas direcções partidárias, nas escolhas dos candidatos a deputados para as próximas eleições legislativas dizem muito acerca dessa questão.
Normalmente não concordo com o radicalismo desencantado de António Barreto mas, desta vez, reconheço que ele tem razão quando responde negativamente a essa pergunta afirmando que
“Esta semana, o Parlamento foi nomeado”.
É um sinal de desencanto com a qualidade do "produto" político que é oferecido aos cidadãos e um sinal de alarme que abre a porta à erosão da democracia e à urgência de uma reflexão acerca da reforma do regime.
Entretanto, a partir do início deste ano, com a entrada em vigor da nova
LEI DO FINANCIAMENTO DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DAS CAMPANHAS ELEITORAIS
os deputados vão ficar mais caros aos cidadãos. Todos, em geral, e, em particular, os da Região Autónoma da Madeira.
A pergunta legítima que qualquer um de nós pode fazer é se a qualidade dos partidos e dos deputados corresponde e justifica o aumento do seu custo.
As inclusões e exclusões, os posicionamentos e os critérios adoptados, pelas direcções partidárias, nas escolhas dos candidatos a deputados para as próximas eleições legislativas dizem muito acerca dessa questão.
Normalmente não concordo com o radicalismo desencantado de António Barreto mas, desta vez, reconheço que ele tem razão quando responde negativamente a essa pergunta afirmando que
“Esta semana, o Parlamento foi nomeado”.
Gelnaa
“De Álvaro de Campos: “ó companheira que eu não tenho nem quero ter”. Olho para Gelnaa e não compreendo: tenho-a e quero tê-la. Mas ao mesmo tempo compreendo: não a devia ter a ela; ou não vale a pena tê-la; ou então dói-me a sua fragilidade, sombra dum arquétipo, eterno neste momento. Logo depois volto a não compreender: meu amor mortal, de carne e osso, tenho-te para sempre, agora. Coisas que se equivalem, na gramática relativa da vida. Não nos deram outra, Gelnaa. E mal acabo de pensar isto compreendo de novo: nenhuma companheira é possível e as solidões somadas pesam mais do que uma só. Etc.”
(Fragmento de um fragmento longo, de página e meia, do meu livro artesanal).
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 3 (1 de 1)
(Fragmento de um fragmento longo, de página e meia, do meu livro artesanal).
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 3 (1 de 1)
sábado, janeiro 8
Maioria e Maioria
PS com maioria absoluta nas próximas eleições
Faltam 42 dias para as legislativas de 20 de Fevereiro. Acerca do calendário ninguém tem dúvidas. A sondagem divulgada ontem confirma uma certeza já enraizada na opinião pública: o PS vai ganhar. Já não é nada pouco. Subsiste, no entanto, uma dúvida: qual a dimensão dessa vitória?
Faltam 42 dias para as legislativas de 20 de Fevereiro. Acerca do calendário ninguém tem dúvidas. A sondagem divulgada ontem confirma uma certeza já enraizada na opinião pública: o PS vai ganhar. Já não é nada pouco. Subsiste, no entanto, uma dúvida: qual a dimensão dessa vitória?
O fracasso do PS nestas eleições será a não obtenção da maioria absoluta: 116 deputados. Esta fasquia foi fixada pelo SG e assumida pelo PS. As consequências políticas desse fracasso são impressivas: enfraquecimento da posição do PR (em fim de mandato) e a necessidade do PS encontrar uma fórmula de acordo político envolvendo outra (s) força (s) partidária (s).
Em Portugal é difícil a esquerda ser pragmática, ao contrario da direita. Será que vai quebrar essa sua fraqueza no caso de não alcançar uma maioria absoluta? Subirá, então, ao primeiro plano do debate político a questão das alianças.
A sondagem merece-me um comentário/palpite: o PS obterá, certamente, um resultado à volta dos 46%, o PSD será mais penalizado do que indiciam os 33% previstos, o PP obterá uma expressão superior a 7%, o PCP inferior a este valor e o BE em torno dos previstos 4,5%.
Não se conhecem ainda os programas dos partidos mas o mais importante, neste “campeonato”, são os líderes e as expectativas para o futuro que criem no eleitorado. As vantagens estão todas do lado do PS. As desvantagens todas do lado do PSD. Pelo menos até 20 de Fevereiro se não ocorrer qualquer acontecimento imprevisto e anormal.
A partir de 21 de Fevereiro invertem-se as situações. Se o PS for governo, mesmo com maioria absoluta, vai gerir o caos e a penúria. É para criar esse cenário que a direita tem vindo a trabalhar na maior impunidade.
Carlos de Oliveira
Por vezes sentimos necessidade de explicar o que fazemos embora os nossos impulsos mais íntimos não se possam explicar senão através da arte.
A propósito da sequência de fragmentos de “O Aprendiz de Feiticeiro” de Carlos de Oliveira aqui deixo um belo texto de Gastão Cruz que explica muita coisa.
Que lhe diremos, mestre
“Numa noite do Verão de 1967 encontrei-me com Carlos de Oliveira na «pequena praça circular» a que ele se refere num texto do mesmo ano («Gás» O Aprendiz de Feiticeiro): «O arboricídio floresce (se me permitem a expressão). (...) De modo que descemos, Gelnaa e eu, do nosso sexto andar para assistir ao derrube das árvores na praça.»”
(“Gáz” é, aliás, o último fragmento de “O Aprendiz de Feiticeiro” que consta do meu livro artesanal).
A propósito da sequência de fragmentos de “O Aprendiz de Feiticeiro” de Carlos de Oliveira aqui deixo um belo texto de Gastão Cruz que explica muita coisa.
Que lhe diremos, mestre
“Numa noite do Verão de 1967 encontrei-me com Carlos de Oliveira na «pequena praça circular» a que ele se refere num texto do mesmo ano («Gás» O Aprendiz de Feiticeiro): «O arboricídio floresce (se me permitem a expressão). (...) De modo que descemos, Gelnaa e eu, do nosso sexto andar para assistir ao derrube das árvores na praça.»”
(“Gáz” é, aliás, o último fragmento de “O Aprendiz de Feiticeiro” que consta do meu livro artesanal).
sexta-feira, janeiro 7
Imaginação
“Aqui está como os grandes artistas estimulam a imaginação alheia.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 2 (7 de 7)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 2 (7 de 7)
Um Compromisso Para a Educação
O artigo publicado hoje pelo “Semanário Económico”, com o título em epígrafe, pode ser lido aqui e ainda no IR AO FUNDO E VOLTAR onde encontrará também um conjunto resumido de indicadores acerca do estado da educação e formação na UE e em Portugal.
quinta-feira, janeiro 6
O Fácil e o Difícil
Fazer propaganda é fácil, governar é difícil.
Colocar encartes nos jornais com propaganda do orçamento é fácil, ser desmacarado por ser mentira é difícil.
Desculpar-se por ser ministro há cinco meses é fácil, assumir a responsabilidade por ser governo há 3 anos é difícil.
Denunciar a pesada herança socialista por um deficit de 4,2 % (em 2001) foi fácil, justificar um deficit de 5% (em 2004) é difícil.
Dissimular e mentir é fácil, assumir as verdades e responsabilidades é difícil.
Condenar os outros e lavar as mãos é fácil, ir a votos é difícil.
É este o pesadelo do Dr. Bagão Félix.
Colocar encartes nos jornais com propaganda do orçamento é fácil, ser desmacarado por ser mentira é difícil.
Desculpar-se por ser ministro há cinco meses é fácil, assumir a responsabilidade por ser governo há 3 anos é difícil.
Denunciar a pesada herança socialista por um deficit de 4,2 % (em 2001) foi fácil, justificar um deficit de 5% (em 2004) é difícil.
Dissimular e mentir é fácil, assumir as verdades e responsabilidades é difícil.
Condenar os outros e lavar as mãos é fácil, ir a votos é difícil.
É este o pesadelo do Dr. Bagão Félix.
Conversas e Água Benta
Ontem andei, a propósito de umas compras banais, a visitar lojas. Pequenas. De vários ramos. Puxei a conversa com os donos. O negócio anda pelas ruas da amargura. O Natal foi péssimo.
A memória quase não alcança outro igual. Os mais velhos falam em 1984! As minhas conversas confirmam as notícias, de hoje, que nos dizem que o “Clima económico em Portugal piora em Dezembro”.
Atenta a situação o Dr. Bagão Félix não vai a votos. Fugiu a sujeitar-se ao sufrágio popular. Não vai ter a oportunidade de ser encarado pelo povo nas ruas. E o povo não vai ter a oportunidade de o encarar. Nem será directamente julgado nas urnas. É uma pena.
Mas dá entrevistas. Vai aos cumprimentos de Ano Novo a Belém e troca sorrisos afectuosos nos salões. A democracia é uma maçada para os autocratas. Depois dos salões seguir-se-ão os negócios da banca e das seguradoras. E muita água benta.
A memória quase não alcança outro igual. Os mais velhos falam em 1984! As minhas conversas confirmam as notícias, de hoje, que nos dizem que o “Clima económico em Portugal piora em Dezembro”.
Atenta a situação o Dr. Bagão Félix não vai a votos. Fugiu a sujeitar-se ao sufrágio popular. Não vai ter a oportunidade de ser encarado pelo povo nas ruas. E o povo não vai ter a oportunidade de o encarar. Nem será directamente julgado nas urnas. É uma pena.
Mas dá entrevistas. Vai aos cumprimentos de Ano Novo a Belém e troca sorrisos afectuosos nos salões. A democracia é uma maçada para os autocratas. Depois dos salões seguir-se-ão os negócios da banca e das seguradoras. E muita água benta.
Pouco edificante? Enojante!
Os portugueses não se podem queixar dos governantes que têm. Foram eles que os escolheram. Muitos portugueses até sentiram orgulho por um deles (o José Manuel) ter sido “escolhido” para n.º 1 da UE.
Mas os governantes que ainda temos preocupam-se mais com a sua barriga (ou umbigo), conforme o grau de formação intelectual, do que em cuidar da “coisa pública” na qual se incluem, curiosamente, os próprios cidadãos portugueses.
Este caso concreto passado com a Embaixada na Tailândia é só mais um dos muitos em que vão sair impunes os inaptos, os descuidados e os relapsos.
Lembram-se de um senhor chamado Martins da Cruz e das suas bazófias acerca da “diplomacia económica”? Nem diplomacia económica e muito menos diplomacia! Quanto mais diplomacia humanitária! É o que este caso mostra.
O Presidente vai partir para a China. Fazer o quê? Se na Tailândia Portugal não foi capaz de apoiar um pequeno grupo de portugueses em dificuldades? Cuidem o Presidente e o Governo de assegurar os básicos - o essencial, o banal, o curial - isso mesmo!
Aquilo que os portugueses pensam que está assegurado até que o destino lhes faz sair em sorte o que pensavam que nunca lhes poderia acontecer.
"SMS, saudades do Lopes"
"A linha editorial deste blog autoriza a ter pena do Lopes? É que nos últimos dias vejo o homem e choro, às vezes choro a rir, outras cai-me uma lágrima furtiva de compaixão. Sou um ser humano sensível, choro ao lado dos fracos, dos sós e dos pobres de espírito".
(segundo post de um por dia, até terça)
André Bonirre
In A Natureza do Mal
"Razões Irrelevantes Para Não Votar no PP"
Vale a pena ler. No Blogamemucho.
“As franjas intelectuais da direita estão a tornar-se temerárias. A direita portuguesa, historicamente envergonhada da decálage ideológica que a separava da esquerda moderada (sem que seja preciso invocar os mais radicais), subitamente descobriu uma forma engenhosa de fazer valer ideários menos liberais sem que os tenha de disfarçar de temas progressistas.
“As franjas intelectuais da direita estão a tornar-se temerárias. A direita portuguesa, historicamente envergonhada da decálage ideológica que a separava da esquerda moderada (sem que seja preciso invocar os mais radicais), subitamente descobriu uma forma engenhosa de fazer valer ideários menos liberais sem que os tenha de disfarçar de temas progressistas.
As doutrinas das liberdades individuais e da promoção da igualdade de direitos gastaram-se, de tão proclamadas, com o tempo. Na prática, isto pode significar que deixou de significar ser vanguardista defender causas que já contam umas boas décadas. Significa, também, que a defesa dos direitos humanos pode, perturbantemente, ser muito mais um comportamento trendy das últimas décadas do século passado do que o salto civilizacional seguro e definitivo que, até agora, pensámos que eram.”
quarta-feira, janeiro 5
O acabamento
"Apenas sucede que é difícil impedir o homem ou, em palavras mais exactas, o homem impedir-se de lamentar o próprio acabamento.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 2 (6 de 7)
Vergonha, precisa-se
Cavaco utilizou imagem de Sá Carneiro em campanha de 1985
O “Diário Digital”, na linha do inefável Delgado, kamikaze ao serviço de Santana, quer apresentar serviço. Sai asneira. Foi encontrar uma imagem da campanha eleitoral de 1985 em que surge Cavaco ao lado de Sá Carneiro.
Talvez dê para Santana aprender alguma coisa de propaganda. Descontando o efeito tempo a foto é mesmo boa.
O DD mostra, ao mesmo tempo, toda a sua ignorância: nas eleições de 1985 o PSD não obteve “maioria absoluta”. Só nas eleições de 1987 e, depois, em 1991.
O “Diário Digital”, na linha do inefável Delgado, kamikaze ao serviço de Santana, quer apresentar serviço. Sai asneira. Foi encontrar uma imagem da campanha eleitoral de 1985 em que surge Cavaco ao lado de Sá Carneiro.
Talvez dê para Santana aprender alguma coisa de propaganda. Descontando o efeito tempo a foto é mesmo boa.
O DD mostra, ao mesmo tempo, toda a sua ignorância: nas eleições de 1985 o PSD não obteve “maioria absoluta”. Só nas eleições de 1987 e, depois, em 1991.
Surreal
Recebemos cá em casa uma daquelas cartas de que fala hoje o Público.
A ameaça era pesada: penhora de bens por dívidas ao fisco. Data do aviso: 27 de Dezembro. A época é indicada para a contagem de prazos. Levantado ontem da caixa do correio. Prazo para pagar a putativa dívida: 10 dias. Acabava amanhã.
Há sempre a hipótese de algum pagamento ter ficado para trás. O cidadão sabe que pode falhar mesmo que seja diligente e cumpridor. Fiquei na dúvida. Lá fui hoje saber da coisa.
Da diligência surgiu uma dívida da contribuição autárquica de 1998 no montante de 88 euros que somadas todas as alcavalas se elevou a 260 e tal. Fiquei perplexo.
Aquela sensação, que o funcionário não desmentiu, de que se tratava de um desvio provocado pela transferência de uma base de dados antiga para a actual (questão interna do fisco). Ou de um engano no cálculo, feito à mão, do montante anteriormente pago (questão interna do fisco). Ou de uma dívida já prescrita (questão interna do fisco).
A ameaça era manifestamente desproporcionada. Mas paguei logo. Assumi a coisa como uma espécie de pagamento de uma promessa para o Dr. Bagão Félix se ir embora. Depressa. Fico à espera da próxima notificação. Dá para pensar na hipótese de começar a pagar os impostos no estrangeiro. Quiçá ir mesmo embora daqui.
Mas vamos aguentar até ao dia 20 de Fevereiro.
A ameaça era pesada: penhora de bens por dívidas ao fisco. Data do aviso: 27 de Dezembro. A época é indicada para a contagem de prazos. Levantado ontem da caixa do correio. Prazo para pagar a putativa dívida: 10 dias. Acabava amanhã.
Há sempre a hipótese de algum pagamento ter ficado para trás. O cidadão sabe que pode falhar mesmo que seja diligente e cumpridor. Fiquei na dúvida. Lá fui hoje saber da coisa.
Da diligência surgiu uma dívida da contribuição autárquica de 1998 no montante de 88 euros que somadas todas as alcavalas se elevou a 260 e tal. Fiquei perplexo.
Aquela sensação, que o funcionário não desmentiu, de que se tratava de um desvio provocado pela transferência de uma base de dados antiga para a actual (questão interna do fisco). Ou de um engano no cálculo, feito à mão, do montante anteriormente pago (questão interna do fisco). Ou de uma dívida já prescrita (questão interna do fisco).
A ameaça era manifestamente desproporcionada. Mas paguei logo. Assumi a coisa como uma espécie de pagamento de uma promessa para o Dr. Bagão Félix se ir embora. Depressa. Fico à espera da próxima notificação. Dá para pensar na hipótese de começar a pagar os impostos no estrangeiro. Quiçá ir mesmo embora daqui.
Mas vamos aguentar até ao dia 20 de Fevereiro.
Ano Novo
Para reflectir no princípio de um novo ano
Se fosse possível reduzir a população do mundo inteiro a uma aldeia de 100 pessoas, mantendo a actual proporção dos habitantes do planeta, tal povoação seria composta de:
57 Asiáticos
21 Europeus
14 Americanos (do Norte, Centro e Sul)
8 Africanos
52 seriam mulheres
48 homens
70 não brancos
30 brancos
70 não cristãos
30 cristãos
89 seriam heterossexuais
11 seriam homossexuais.
6 pessoas possuiriam 59% da riqueza total, e todas as seis seriam dos EUA
80 viveriam em casas inabitáveis
70 seriam analfabetos
50 sofreriam de desnutrição
1 estaria para morrer
1 estaria para nascer
1 teria computador
1 teria formação universitária
Se o mundo for considerado sob esta perspectiva, a necessidade de aceitação, compreensão, educação e desenvolvimento torna-se evidente.
Considera ainda que, se acordaste hoje mais saudável que doente, tens mais sorte que um milhão de pessoas, que não verão a próxima semana.
Se nunca experimentaste o perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a agonia da tortura, a dor da fome, tens mais sorte que 500 milhões de habitantes da Terra.
Se podes entrar numa igreja sem o medo de ser bombardeado, preso ou torturado, tens mais sorte que 3 milhões de pessoas no planeta.
Se tens comida no frigorífico, roupa no armário, um tecto sobre a cabeça, um lugar para dormir, considera-te mais rico que 75% dos habitantes deste mundo.
Se tens dinheiro no banco, na carteira ou uns trocos em qualquer parte, considera-te entre os 8% das pessoas com a melhor qualidade de vida em todo o mundo.
Se puderes ler esta mensagem, recebeste uma dupla benção, pois alguém pensou em ti e tu não estás entre os dois mil milhões de pessoas que não sabem ler.
Vale a pena tentar:
Se fosse possível reduzir a população do mundo inteiro a uma aldeia de 100 pessoas, mantendo a actual proporção dos habitantes do planeta, tal povoação seria composta de:
57 Asiáticos
21 Europeus
14 Americanos (do Norte, Centro e Sul)
8 Africanos
52 seriam mulheres
48 homens
70 não brancos
30 brancos
70 não cristãos
30 cristãos
89 seriam heterossexuais
11 seriam homossexuais.
6 pessoas possuiriam 59% da riqueza total, e todas as seis seriam dos EUA
80 viveriam em casas inabitáveis
70 seriam analfabetos
50 sofreriam de desnutrição
1 estaria para morrer
1 estaria para nascer
1 teria computador
1 teria formação universitária
Se o mundo for considerado sob esta perspectiva, a necessidade de aceitação, compreensão, educação e desenvolvimento torna-se evidente.
Considera ainda que, se acordaste hoje mais saudável que doente, tens mais sorte que um milhão de pessoas, que não verão a próxima semana.
Se nunca experimentaste o perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a agonia da tortura, a dor da fome, tens mais sorte que 500 milhões de habitantes da Terra.
Se podes entrar numa igreja sem o medo de ser bombardeado, preso ou torturado, tens mais sorte que 3 milhões de pessoas no planeta.
Se tens comida no frigorífico, roupa no armário, um tecto sobre a cabeça, um lugar para dormir, considera-te mais rico que 75% dos habitantes deste mundo.
Se tens dinheiro no banco, na carteira ou uns trocos em qualquer parte, considera-te entre os 8% das pessoas com a melhor qualidade de vida em todo o mundo.
Se puderes ler esta mensagem, recebeste uma dupla benção, pois alguém pensou em ti e tu não estás entre os dois mil milhões de pessoas que não sabem ler.
Vale a pena tentar:
a) Trabalhar como se não precisasses de dinheiro
b) Amar como se nunca ninguém te tivesse feito sofrer
c) Dançar como se ninguém estivesse olhando
d) Cantar como se ninguém estivesse ouvindo
e) Viver como se aqui fosse o paraíso!
O princípio do ano é uma espécie de Semana Internacional da Amizade!
Envia esta mensagem a quem consideras amigo, a quem queiras desejar um dia radiante.
Criemos um mundo mais tolerante, próspero e humano. Façamos do Homem a medida de todas as coisas.
(Esta é uma daquelas muitas muitas mensagens que se recebem e que merece divulgação)
terça-feira, janeiro 4
O Falhanço
“Mas então, que alegria triste assumir como última consequência de ser livre a responsabilidade do falhanço.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos – Pag. 2 (5 de 7)
Facadas
A caminho do fim. Os dois episódios de hoje - recusa de Cavaco em autorizar a utilização da sua imagem na campanha do PSD e a trapalhada de Pôncio na lista do PSD (Porto) - foram mais dois passos para o abismo.
Faltam 46 dias. O PSD parece que só poderia recuperar lançando pela borda fora Santana Lopes. Mas já é tarde. Resta saber qual a dimensão do desastre e se o PS aproveita dele para obter a primeira maioria absoluta da sua história. O PP espreita a oportunidade para se arvorar na verdadeira alternativa de direita.
"Facada nas costas"
"A realidade é muito simples: quem não tem força para dominar o seu partido, com certeza que não tem tanta ou igual força para dominar um governo", continuou, acrescentando que Santana Lopes "não comanda o partido" e "não sabe o que anda a fazer". "Se calhar isto foi bom para o país, porque sabemos com quem contamos, sabemos o partido que temos e sabemos quem manda ou não no partido", concluiu Pôncio Monteiro.” SIC
Faltam 46 dias. O PSD parece que só poderia recuperar lançando pela borda fora Santana Lopes. Mas já é tarde. Resta saber qual a dimensão do desastre e se o PS aproveita dele para obter a primeira maioria absoluta da sua história. O PP espreita a oportunidade para se arvorar na verdadeira alternativa de direita.
"Facada nas costas"
"A realidade é muito simples: quem não tem força para dominar o seu partido, com certeza que não tem tanta ou igual força para dominar um governo", continuou, acrescentando que Santana Lopes "não comanda o partido" e "não sabe o que anda a fazer". "Se calhar isto foi bom para o país, porque sabemos com quem contamos, sabemos o partido que temos e sabemos quem manda ou não no partido", concluiu Pôncio Monteiro.” SIC
segunda-feira, janeiro 3
Deserto
“A poesia portuguesa, sobretudo a moderna, está cheia de desertos. Deserto é a palavra chave, uma obsessão, como podia provar facilmente.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos (4 de 7)
Entreatos
Um post roubado ao Pentimento um blog brasileiro da minha preferência.
. O documentário é uma aula de política, justamente por registrar (com a usual elegância do João M. Salles) os bastidores, as conversas reservadas, os papos descontraídos, ou seja, tudo aquilo que está fora das declarações e dos atos oficiais cotidianos;
. Lula demonstra uma visão política global que, sinceramente, me surpreendeu. Destaque para as acuradas análises que faz a respeito da trajetória dos partidos de esquerda desde o pós-Guerra e sobre os conflitos do próprio PT;
. Mais uma vez a câmera de Walter Carvalho é operada com genialidade, buscando em meio à confusão que é o interior de uma campanha política planos significativos e de grande poder simbólico;
. Aliás, a opção pela "câmera invisível" é acertada. À medida que o filme transcorre, acompanhando no decorrer do tempo o desenrolar da campanha, é evidente que Lula e os demais ficam mais à vontade, esquecendo-se por vezes que tudo está sendo registrado;
. O personagem Lula é o filme. Espirituoso, bem-humorado, extremamente carismático, o presidente protagoniza cenas hilárias e demonstra uma simplicidade que me orgulha muito, em momentos como aquele em que vai ao barbeiro de sempre, um local humilde, para aparar a barba, ou quando, penalizado, dá carona no jatinho de campanha a um desconhecido que perdeu o vôo;
. É hilário ver o hoje ministro Palocci receitando remédio para a sinusite de Lula (e José Alencar imediatamente querendo a receita também);
. É tocante ver o carinho que Lula dispensa à mulher, cabeça recostada na dela, enquanto assiste aos programas de TV que retratam sua vitória;
. É impressionante ver com são atuais certas conversas travadas ainda durante a campanha. A questão dos dados do IBGE, por exemplo;
. É engraçado ver Lula, após receber os cumprimentos de Serra pela vitória, dizendo, em espanhol: "Perdio..."
. É de matar de rir ver Lula brincando ao telefone, como se atendesse Bush e, sem seguida, Dualde, a quem diz: "O quê? Você quer que mande o Favre de volta?"
. É bacana também vê-lo afirmar com sinceridade que não gostaria de voltar à vida na fábrica, ou o gosto pelo terno-e-gravata;
. É melhor ainda o momento em que responde um desses bobos "intelectuais de esquerda", que lhe dissera "preferir o Lula de macacão ao de terno". Retruca Lula: "Então por que você não tira esse terno e veste um macacão?"
. É alentador ver que temos um presidente bacana, concorde-se ou não com suas idéias e posturas políticas;
. É, acima de tudo, sensacional constatarmos novamente que nossos documentários estão anos luz à frente do que se faz lá fora, principalmente nos EUA, com seus incensados michael-moores. A visão chapada de Moore e seus imitadores lamentavelmente empolgam o público e grande parte da crítica, ainda que se valham de expedientes exatamente igual àqueles aos quais criticam: montagens manipuladoras e dados falsos.
Para que tenhamos a noção das dificuldades em entender a descrição da realidade de países que falam a mesma língua. Reparem nas diferenças do português. Para ajudar a compreender Lula. Oportuno nas vésperas de uma campanha eleitoral em Portugal. Alguém que se lembre de rodar um documentário nos bastidores da campanha de Sócrates.
“Algumas observações atrasadas sobre Entreatos, filme de João Moreira Salles:
“Algumas observações atrasadas sobre Entreatos, filme de João Moreira Salles:
. O documentário é uma aula de política, justamente por registrar (com a usual elegância do João M. Salles) os bastidores, as conversas reservadas, os papos descontraídos, ou seja, tudo aquilo que está fora das declarações e dos atos oficiais cotidianos;
. Lula demonstra uma visão política global que, sinceramente, me surpreendeu. Destaque para as acuradas análises que faz a respeito da trajetória dos partidos de esquerda desde o pós-Guerra e sobre os conflitos do próprio PT;
. Mais uma vez a câmera de Walter Carvalho é operada com genialidade, buscando em meio à confusão que é o interior de uma campanha política planos significativos e de grande poder simbólico;
. Aliás, a opção pela "câmera invisível" é acertada. À medida que o filme transcorre, acompanhando no decorrer do tempo o desenrolar da campanha, é evidente que Lula e os demais ficam mais à vontade, esquecendo-se por vezes que tudo está sendo registrado;
. O personagem Lula é o filme. Espirituoso, bem-humorado, extremamente carismático, o presidente protagoniza cenas hilárias e demonstra uma simplicidade que me orgulha muito, em momentos como aquele em que vai ao barbeiro de sempre, um local humilde, para aparar a barba, ou quando, penalizado, dá carona no jatinho de campanha a um desconhecido que perdeu o vôo;
. É hilário ver o hoje ministro Palocci receitando remédio para a sinusite de Lula (e José Alencar imediatamente querendo a receita também);
. É tocante ver o carinho que Lula dispensa à mulher, cabeça recostada na dela, enquanto assiste aos programas de TV que retratam sua vitória;
. É impressionante ver com são atuais certas conversas travadas ainda durante a campanha. A questão dos dados do IBGE, por exemplo;
. É engraçado ver Lula, após receber os cumprimentos de Serra pela vitória, dizendo, em espanhol: "Perdio..."
. É de matar de rir ver Lula brincando ao telefone, como se atendesse Bush e, sem seguida, Dualde, a quem diz: "O quê? Você quer que mande o Favre de volta?"
. É bacana também vê-lo afirmar com sinceridade que não gostaria de voltar à vida na fábrica, ou o gosto pelo terno-e-gravata;
. É melhor ainda o momento em que responde um desses bobos "intelectuais de esquerda", que lhe dissera "preferir o Lula de macacão ao de terno". Retruca Lula: "Então por que você não tira esse terno e veste um macacão?"
. É alentador ver que temos um presidente bacana, concorde-se ou não com suas idéias e posturas políticas;
. É, acima de tudo, sensacional constatarmos novamente que nossos documentários estão anos luz à frente do que se faz lá fora, principalmente nos EUA, com seus incensados michael-moores. A visão chapada de Moore e seus imitadores lamentavelmente empolgam o público e grande parte da crítica, ainda que se valham de expedientes exatamente igual àqueles aos quais criticam: montagens manipuladoras e dados falsos.
Os trabalhos de João Moreira Salles e Eduardo Coutinho, mestre maior, são a prova mais absoluta de que o gênero documentário pode, sim, ser ético. E isso significa ser ético também na forma. E não se fechar em estrelismos ou maniqueísmos juvenis.
Escrito por Marcelo"
Os Amigos Nunca Morrem
Nos tempos em que a política era a resistência à ditadura, ao contrário do nosso tempo, em que a política é a resistência à inércia, havia uns heróis que se impunham por si próprios. Alguns são reconhecidos pela história, outros vivem na memória de uns quantos amigos que sobreviveram.
O Matias, que ficou conhecido como o “estudante Matias”, foi o meu ídolo de juventude nas andanças iniciáticas da oposição à ditadura. Ele suscitava confiança, tinha carisma, mobilizava para a leitura e para a acção. O Matias era um “self made man” que a doença ceifou prematuramente da vida.
Uma das primeiras tarefas que cumpri, após a minha chegada a Lisboa, nos idos de finais de 1966, foi visitá-lo, no hospital Curry Cabral, onde agonizava à espera de autorização do governo para receber um transplante de rim, à época, só possível em França. Não foi autorizado, apesar das petições, e morreu cedo.
Foi, de facto, assassinado daquela forma mansa tão típica dos tiranos da nossa terra. Não me permitiram a visita e nunca mais esqueci o ambiente opressivo e abafado dos corredores do hospital.
Restou-me acompanhá-lo no funeral realizado na minha cidade de Faro. Lembro-me, como se fosse hoje, do percurso e dos rostos de muitos dos acompanhantes. No acto final a urna foi aberta e, estando eu colocado no sentido da brisa que corria quente, fui invadido pelo cheiro do seu corpo em decomposição. Fiquei agoniado, mas resisti.
Nunca mais me saiu da memória a figura do Matias nem das narinas o cheiro do seu corpo. Talvez seja a brutalidade deste acontecimento uma das razões da minha dificuldade em suportar as visitas aos hospitais e a aceitação dos cerimoniais fúnebres.
É que os povos, os familiares e os verdadeiros amigos nunca morrem.
Faltam só 47 dias
Chegou a hora de atirar esta maioria de direita para a oposição. As suas virtudes são os seus defeitos. O país não aguenta. Como diz o outro, nunca se viu tanta demagogia, incompetência, sacanice e mau carácter. É mesmo uma questão de saneamento básico.
Admito que seja difícil, neste combate, “manter o nível”. Mas até a direita, se levar uma “tareia” a sério, nas próximas eleições, mudará para melhor. A direita civilizada agradece! À esquerda nada de paninhos quentes nem de auto-flagelações.
Aqui é que a porca torce o rabo. Ouvem-se queixumes e ranger de dentes por todo o lado. Claro que é preciso um programa com medidas claras que garantam a credibilidade do governo PS no início e, mais importante, no meio e no fim do ciclo político que agora se abre. Estou certo que esse programa vai surgir.
Depois o que é preciso é ganhar as eleições. É isso, ganhar com maioria absoluta. A sequência dos resultados eleitorais do PS, desde que Ferro assumiu a liderança, apontam nesse sentido. O que será surpreendente é que o PS não alcance um resultado histórico.
Faltam só 47 dias.
Admito que seja difícil, neste combate, “manter o nível”. Mas até a direita, se levar uma “tareia” a sério, nas próximas eleições, mudará para melhor. A direita civilizada agradece! À esquerda nada de paninhos quentes nem de auto-flagelações.
Aqui é que a porca torce o rabo. Ouvem-se queixumes e ranger de dentes por todo o lado. Claro que é preciso um programa com medidas claras que garantam a credibilidade do governo PS no início e, mais importante, no meio e no fim do ciclo político que agora se abre. Estou certo que esse programa vai surgir.
Depois o que é preciso é ganhar as eleições. É isso, ganhar com maioria absoluta. A sequência dos resultados eleitorais do PS, desde que Ferro assumiu a liderança, apontam nesse sentido. O que será surpreendente é que o PS não alcance um resultado histórico.
Faltam só 47 dias.
domingo, janeiro 2
Escrever
"Escreve-se sempre num ponto morto, entre duas velocidades, a que se extinguiu e a que vai surgir."
“O Aprendiz de Feiticeiro” - Carlos de Oliveira
Fragmentos (3 de 7)
“O Aprendiz de Feiticeiro” - Carlos de Oliveira
Fragmentos (3 de 7)
Tudo Dizer
Tudo o que se possa criticar aos governos da direita dos últimos 3 anos é pouco. Tudo o que se virá a saber deles, com o passar do tempo, é muito.
Só o facto de Portugal pertencer à UE evitou, de facto, males maiores. Entre esses o maior de todos teria sido, muito provavelmente, a própria perda da liberdade.
Os que pensam que esta afirmação é um exagero ainda não entenderam a natureza política e ideológica da direita que tem sustentado os governos em Portugal.
“Ex-Presidente da República confiante na maioria absoluta do PS
Mário Soares defende em entrevista ao "El País" próximo Governo de "salvação nacional".
Público on line
Só o facto de Portugal pertencer à UE evitou, de facto, males maiores. Entre esses o maior de todos teria sido, muito provavelmente, a própria perda da liberdade.
Os que pensam que esta afirmação é um exagero ainda não entenderam a natureza política e ideológica da direita que tem sustentado os governos em Portugal.
“Ex-Presidente da República confiante na maioria absoluta do PS
Mário Soares defende em entrevista ao "El País" próximo Governo de "salvação nacional".
Público on line
Certezas, Precisam-se
Preciso urgentemente de adquirir meia dúzia de valores absolutos,
inexpugnáveis e impenetráveis,
firmes e surdos como rochedos.
Preciso urgentemente de adquirir certezas,
certezas inabaláveis, imensas certezas, montes de certezas,
certezas a propósito de tudo e de nada,
afirmadas com autoridade, em voz alta para que todos oiçam,
com desassombro, com ênfase, com dignidade,
acompanhadas de perfurantes censuras no olhar carregado, oblíquo.
Preciso urgentemente de ter razão,
de ter imensas razões, montes de razões,
de eu próprio me instituir em razão.
Ser razão!
Dar um soco furibundo e convicto no tampo da mesa
e espadanar razões nas ventas da assistência.
Preciso urgentemente de ter convicções profundas,
argumentos decisivos,
ideias feitas à altura das circunstâncias.
Preciso de correr convictamente ao encontro de qualquer coisa.,
de gritar, de berrar, de ter apoplexias sagradas
em defesa dessa coisa.
Preciso de considerar imbecis todos os que tiverem opiniões diferentes da minha,]
de os mandar, sem rebuço, para o diabo que os carregue,
de os prejudicar, sem remorsos, de todas as maneiras possíveis,
de lhes tapar a boca,
de lhes cortar as frases no meio,
e lhes virar as costas ostensivamente.
Preciso de ter amigos da mesma cor, caras unhacas,
que me dêem palmadinhas nas costas,
que me chamam pá e me façam brindes
em almoços de camaradagem.
Preciso de me acocorar à volta da mesa do café,
e resolver os problemas sociais
entre ruidosos alívios de expectoração.
Preciso de encher o peito e de cantar loas,
e enrouquecer a dar vivas,
de atirar o chapéu ao ar,
de saber de cor as frequências dos emissores.
O que tudo são símbolos e sinais de certezas.
Certezas!
Imensas certezas! Montes de certezas!
Pirinéus, Urais, Himalaias de certezas!
António Gedeão
(Poema inédito, datado de 7/09/1954, até à sua publicação in “Poetas Visitados”, de Maria Augusta Silva, Edições Caixotim, Outubro de 2004)
inexpugnáveis e impenetráveis,
firmes e surdos como rochedos.
Preciso urgentemente de adquirir certezas,
certezas inabaláveis, imensas certezas, montes de certezas,
certezas a propósito de tudo e de nada,
afirmadas com autoridade, em voz alta para que todos oiçam,
com desassombro, com ênfase, com dignidade,
acompanhadas de perfurantes censuras no olhar carregado, oblíquo.
Preciso urgentemente de ter razão,
de ter imensas razões, montes de razões,
de eu próprio me instituir em razão.
Ser razão!
Dar um soco furibundo e convicto no tampo da mesa
e espadanar razões nas ventas da assistência.
Preciso urgentemente de ter convicções profundas,
argumentos decisivos,
ideias feitas à altura das circunstâncias.
Preciso de correr convictamente ao encontro de qualquer coisa.,
de gritar, de berrar, de ter apoplexias sagradas
em defesa dessa coisa.
Preciso de considerar imbecis todos os que tiverem opiniões diferentes da minha,]
de os mandar, sem rebuço, para o diabo que os carregue,
de os prejudicar, sem remorsos, de todas as maneiras possíveis,
de lhes tapar a boca,
de lhes cortar as frases no meio,
e lhes virar as costas ostensivamente.
Preciso de ter amigos da mesma cor, caras unhacas,
que me dêem palmadinhas nas costas,
que me chamam pá e me façam brindes
em almoços de camaradagem.
Preciso de me acocorar à volta da mesa do café,
e resolver os problemas sociais
entre ruidosos alívios de expectoração.
Preciso de encher o peito e de cantar loas,
e enrouquecer a dar vivas,
de atirar o chapéu ao ar,
de saber de cor as frequências dos emissores.
O que tudo são símbolos e sinais de certezas.
Certezas!
Imensas certezas! Montes de certezas!
Pirinéus, Urais, Himalaias de certezas!
António Gedeão
(Poema inédito, datado de 7/09/1954, até à sua publicação in “Poetas Visitados”, de Maria Augusta Silva, Edições Caixotim, Outubro de 2004)
sábado, janeiro 1
Tocar a terra
“Diz a fábula de Anteu, como sabem, que é preciso tocar de vez em quando a terra para não sucumbir. Pois para criar também.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos
Página 2 (2 de 7)
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Carlos de Oliveira
Fragmentos
Página 2 (2 de 7)
BOM ANO
Aqui perto do ponto mais ocidental da Europa apresenta-se uma manhã escura e fria em que as aves sobrevoam a terra.
Com o passeio a pé na Praia Grande cumpriu-se um ritual. Despedidas e abraços. O ano de 2005 vai ser a continuação natural do de 2004. Nada de novo a ocidente. Mudam os cenários e alguns protagonistas. As mesmas dificuldades.
Mas como sempre se deseja um BOM ANO.
Com o passeio a pé na Praia Grande cumpriu-se um ritual. Despedidas e abraços. O ano de 2005 vai ser a continuação natural do de 2004. Nada de novo a ocidente. Mudam os cenários e alguns protagonistas. As mesmas dificuldades.
Mas como sempre se deseja um BOM ANO.
sexta-feira, dezembro 31
A Última Leitura do Ano
A minha leitura do “Aprendiz de Feiticeiro”, de Carlos de Oliveira, começa assim:
“Frases. Extractos. Textos completos. “O Aprendiz de Feiticeiro” de Carlos de Oliveira. Uma escrita exigente na nossa língua. Uma leitura pessoal dada por fragmentos aos amigos para comunicar simplesmente.
Uma frase explica quase tudo : “o que sustenta a obra literária é a sua capacidade de integrar-se no mundo pessoal dos leitores”, e esta integrou-se no meu.
As escassas notas pessoais são de Fevereiro de 1980 e de 24 de Julho de 1981. Nada disto tem a ver com a morte do autor. Este “livrinho” estava decidido desde Fevereiro de 1980.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Fragmentos
Página 2 (1 de 7)
“Frases. Extractos. Textos completos. “O Aprendiz de Feiticeiro” de Carlos de Oliveira. Uma escrita exigente na nossa língua. Uma leitura pessoal dada por fragmentos aos amigos para comunicar simplesmente.
Uma frase explica quase tudo : “o que sustenta a obra literária é a sua capacidade de integrar-se no mundo pessoal dos leitores”, e esta integrou-se no meu.
As escassas notas pessoais são de Fevereiro de 1980 e de 24 de Julho de 1981. Nada disto tem a ver com a morte do autor. Este “livrinho” estava decidido desde Fevereiro de 1980.”
“O Aprendiz de Feiticeiro” – Fragmentos
Página 2 (1 de 7)
A Cilada
Antecipar receitas, adiar pagamentos. Todos os dias surgem novas notícias dessa prática do Governo. Ora o subsídio de desemprego, ora o abono de família, ora os reembolsos do IVA e o mais que se não sabe ...
Tantos e tão insistentes casos que dá para ficar em transe. Qual a herança que Santana, Portas e Bagão vai deixar para próximo governo?
Se fosse ao PS prevenia-me já!
Tantos e tão insistentes casos que dá para ficar em transe. Qual a herança que Santana, Portas e Bagão vai deixar para próximo governo?
Se fosse ao PS prevenia-me já!
quinta-feira, dezembro 30
A extrema direita existe
Não sei quantos portugueses se deram conta do que significou levar a extrema direita para o governo.
Dissimulada sob as vestes do nacionalismo social cristão a extrema direita projecta criar um partido com capacidade para disputar o poder. O poder de Estado, a sério. O PP é só a ponta do “iceberg”.
Enquanto não chega a sua hora e, para não perder tempo, faz negócios, aproveitando as suas posições no governo e coloca muito pessoal no aparelho de Estado. O PSD – Social Democrata – hipotecou o seu futuro quando “deu” as finanças ao PP e, em particular, a Bagão Félix.
Foi como se tivesse criado um espaço vital para a extrema direita ensaiar a demolição do PSD. Vamos ver nas eleições se o golpe resulta.
Mas lá que a extrema direita existe, existe. E tem ambições de tomar o poder.
Dissimulada sob as vestes do nacionalismo social cristão a extrema direita projecta criar um partido com capacidade para disputar o poder. O poder de Estado, a sério. O PP é só a ponta do “iceberg”.
Enquanto não chega a sua hora e, para não perder tempo, faz negócios, aproveitando as suas posições no governo e coloca muito pessoal no aparelho de Estado. O PSD – Social Democrata – hipotecou o seu futuro quando “deu” as finanças ao PP e, em particular, a Bagão Félix.
Foi como se tivesse criado um espaço vital para a extrema direita ensaiar a demolição do PSD. Vamos ver nas eleições se o golpe resulta.
Mas lá que a extrema direita existe, existe. E tem ambições de tomar o poder.
Relíquias
Encontrei hoje quatro exemplares de outros tantos "livros artesanais" que criei no início dos anos 80.
Os meus “livros artesanais” são montagens a partir de fotocópias, policopiadas, no formato A6 (é esse formato que corresponde a metade do A4?). Um já foi aqui divulgado. Trata-se de fragmentos de “Roland Barthes por Roland Barthes”.
Os restantes três são: “O “testamento” de Jean-Paul Sartre” (entrevista a Henry Levy, publicada na “Le Nouvel Observateur”/”O Jornal”); fragmentos de leitura de “Fragmentos de um Discurso Amoroso” de Roland Barthes, do Natal de 1980 e fragmentos de “O Aprendiz de Feiticeiro”, de Carlos de Oliveira.
Este último, de que já não me lembrava, é o mais interessante, contém algumas notas pessoais e vou dele reproduzir, nos próximos tempos, os fragmentos mais curtos e alguns outros.
Os meus “livros artesanais” são montagens a partir de fotocópias, policopiadas, no formato A6 (é esse formato que corresponde a metade do A4?). Um já foi aqui divulgado. Trata-se de fragmentos de “Roland Barthes por Roland Barthes”.
Os restantes três são: “O “testamento” de Jean-Paul Sartre” (entrevista a Henry Levy, publicada na “Le Nouvel Observateur”/”O Jornal”); fragmentos de leitura de “Fragmentos de um Discurso Amoroso” de Roland Barthes, do Natal de 1980 e fragmentos de “O Aprendiz de Feiticeiro”, de Carlos de Oliveira.
Este último, de que já não me lembrava, é o mais interessante, contém algumas notas pessoais e vou dele reproduzir, nos próximos tempos, os fragmentos mais curtos e alguns outros.
Revisitação
No outro dia na visita de Natal aos lugares da minha infância desci o caminho do monte à estrada. Estava um frio de rachar no campo entre as árvores dos frutos secos. Revisitei a figueira, defronte ao poço, e encontrei-a, nesta época, descarnada.
Revisitaram-me as descrições impressivas dos campos da Argélia de Camus e a figueira gelada de René Char. Neste meu caminho nem havia gelo, nem sol escaldante. Senti frio, somente frio. Por ironia na partida do monte o velho vizinho despediu-se fechando o punho como sinal da esperança.
No tempo em que aquele caminho era, para mim, novidade percorri-o acompanhado pelos meus primos Gervásio e Ezequiel. Eles nasceram na casa velha lá no cimo do monte e nela cresceram e se fizeram homens. O Gervásio permanece fiel à terra e ao seu mester de agricultor. O Ezequiel morreu já homem maduro.
Eu sempre fui um jovem visitante urbano ao qual "os primos do campo" lançavam ousados desafios aos meus pudores sexuais. Corava e mudava de conversa tanto quanto me deixavam as suas insistências.
Hoje nenhum primo desafia o meu filho que desce o caminho esperançoso a meu lado. Ele opina que devia levantar-se aquele telhado ... arranjar-se a “charrete” abandonada ... cuidar dos pormenores mais descuidados. Tem razão. Mas se o campo morreu deixado ao abandono pela maioria dos homens nele nascidos como dar-lhe esperanças de um novo dia.
Rumamos à cidade. Com a certeza de que as figueiras, agora descarnadas, resistem e, apesar de nós, no próximo verão, darão frutos suculentos.
O Já Visto
O governo de gestão vai anunciar tudo e mais alguma coisa. No caso dos incêndios fica-se com a sensação de que tudo já tinha sido anunciado antes.
Muitos milhões para investimento, “reforço de meios”, “estrutura única de comando”... É o que sempre se diz.
É o já visto.
“Estado vai investir 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios
O Governo anunciou hoje um investimento para 2005 de 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios florestais e o "significativo reforço" de meios humanos e aéreos. O Executivo refere que pretende evitar "situações de descoordenação" através de uma estrutura única de comando.” Lusa
Muitos milhões para investimento, “reforço de meios”, “estrutura única de comando”... É o que sempre se diz.
É o já visto.
“Estado vai investir 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios
O Governo anunciou hoje um investimento para 2005 de 131 milhões de euros na prevenção e combate aos incêndios florestais e o "significativo reforço" de meios humanos e aéreos. O Executivo refere que pretende evitar "situações de descoordenação" através de uma estrutura única de comando.” Lusa
quarta-feira, dezembro 29
Listas
As notícias da política eleitoral são listas, meus senhores, listas que incluem não só as de candidatos a deputados como as dos candidatos a todos os lugares possíveis e imaginários.
Não tarda os futuros titulares estão cansados, antes de exercer!
Não tarda os futuros titulares estão cansados, antes de exercer!
terça-feira, dezembro 28
O "Chefe" Está Brincar?
Todos os dias o Dr. Portas anuncia concursos, adjudicações, etc., para comprar material de guerra, envolvendo consórcios e empresas dos mais diversos países. Já ninguém entende nada: nem quem, ao certo, vende nem a quem, ao certo, se destinam os equipamentos. Falo da opinião pública.
É mesmo para ser assim. Um turbilhão de informações com um ar de assunto para especialistas? Mas toda a gente sabe da delicadeza das compras de material militar. Desde as questões estratégicas às questões financeiras. O "Chefe" está brincar? O governo não se demitiu? Não é um governo de gestão? O déficit está controlado?
Retirando as iniciativas que são mera propaganda quantos compromissos estarão a ser assumidos, em nome do Estado português, que, no futuro, não poderão ser honrados.
Espanta-me que ninguém se pronuncie, a sério, acerca deste frenesim! Nem partidos da oposição, nem especialistas, nem PR, ninguém abre a boca! Porque será?
“O Ministério da Defesa está a preparar a abertura do concurso para escolha dos helicópteros para a Unidade de Aviação Ligeira do Exército (UALE) e instrução da Força Aérea, a lançar antes de Fevereiro, revelou hoje fonte oficial.”
Lusa
Uma miragem
Nos meus tempos do liceu, em Faro, era sempre uma alegria a falta de um professor que nos abria a vida à felicidade de um jogo de futebol. Quando havia tempo, equipa e bola lá ia-mos estrada abaixo a caminho do campo dos “blocos”. Assim chamado pois cerca dele se faziam aqueles tijolos esbranquiçados da “Cavan” que serviam para erguer paredes.
O campo era improvisado, mais que “pelado”, e havia jogadores para todos os gostos alguns deles de categoria invejável. Os jogos eram a brincar mas lutava-se para vencer e não dávamos pelo cansaço. Nunca sou capaz de me lembrar do cansaço desse tempo.
Um dia aconteceu algo de excepcional. No meio de um jogo ouvimos o ruído de alguma coisa parecida com um avião que se aproximava a baixa altitude. Olhamos o céu claro e nele refulgiam, no ar, como uma miragem, pontos de luz que volteavam, lentamente, a caminho do chão.
Desatamos a correr na sua direcção e vimos que os pontos de luz eram panfletos lançados do avião. Não cheguei a apanhar nenhum pois se aproximaram os carros da polícia e nos fizeram fugir, a toda a pressa, a caminho do liceu.
Devia correr o ano de 1961 e soube, mais tarde, que aquele era um avião da TAP que fazia a carreira de Marrocos e fora desviado pelo Palma Inácio, e outros opositores à ditadura, que nos tinham presenteado com uma mão cheia de panfletos subversivos que eu nunca cheguei a ler.
Mas foi uma emoção aquela miragem vinda do céu. Tinha eu exactamente a idade que o meu filho tem agora.
Final de Ano, Final de Festa
As notícias de final de ano caem como pedras de chumbo em cima da cabeça do governo.
O primeiro-ministro e o ministro Bagão Félix parecem estátuas de gelo à espera dos primeiros calores eleitorais.
O “Jornal de Negócios” dá hoje à estampa uma notícia sintomática da situação da economia nacional que o próximo governo vai herdar.
“Economia portuguesa à beira de nova recessão
A economia portuguesa corre o risco de entrar neste final de ano numa nova situação de recessão técnica, definida pelos economistas como a ocorrência de dois trimestres consecutivos de variação em cadeia negativa do PIB...”
E o que se passará com os valores reais do déficit? 5%, 6% ou mesmo mais?
Não era má ideia avançar a sério com os trabalhos de uma Comissão Independente para avaliar a real situação das contas públicas antes que o Dr. Santana Lopes volte ao papel de comentarista e o Dr. Bagão Félix se recolha na sua quinta no Alentejo.
O primeiro-ministro e o ministro Bagão Félix parecem estátuas de gelo à espera dos primeiros calores eleitorais.
O “Jornal de Negócios” dá hoje à estampa uma notícia sintomática da situação da economia nacional que o próximo governo vai herdar.
“Economia portuguesa à beira de nova recessão
A economia portuguesa corre o risco de entrar neste final de ano numa nova situação de recessão técnica, definida pelos economistas como a ocorrência de dois trimestres consecutivos de variação em cadeia negativa do PIB...”
E o que se passará com os valores reais do déficit? 5%, 6% ou mesmo mais?
Não era má ideia avançar a sério com os trabalhos de uma Comissão Independente para avaliar a real situação das contas públicas antes que o Dr. Santana Lopes volte ao papel de comentarista e o Dr. Bagão Félix se recolha na sua quinta no Alentejo.
Ilha
Deitada és uma ilha E raramente
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas
um só bosque no meio florescente
promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugada
o fulgor das colinas acordadas
o pasmo da planície adolescente
Deitada és uma ilha Que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias
Mas nem sabes se grito por socorro
ou se te mostro só que me inebrias
Amiga amor amante amada eu morro
da vida que me dás todos os dias
David Mourão-Ferreira
"Os sonetos"
In "Matura Idade" (1966-1972)
surgem ilhas no mar tão alongadas
com tão prometedoras enseadas
um só bosque no meio florescente
promontórios a pique e de repente
na luz de duas gémeas madrugada
o fulgor das colinas acordadas
o pasmo da planície adolescente
Deitada és uma ilha Que percorro
descobrindo-lhe as zonas mais sombrias
Mas nem sabes se grito por socorro
ou se te mostro só que me inebrias
Amiga amor amante amada eu morro
da vida que me dás todos os dias
David Mourão-Ferreira
"Os sonetos"
In "Matura Idade" (1966-1972)
Chocante
Desta vez estou de acordo com Mira Amaral. Hoje no DN.
“Recurso ao fundo de pensões da CGD é «chocante»
Para este ex-ministro de Cavaco Silva, o «mais chocante» desta medida é o facto de ela ter sido adoptada «por um Governo de direita», que não se preocupa em «destruir mecanismos de mercado».
A existência de fundos de pensões capitalizados e a funcionar com a participação dos próprios trabalhadores é importante para o próprio funcionamento e credibilização do mercado de capitais.”
“Recurso ao fundo de pensões da CGD é «chocante»
Para este ex-ministro de Cavaco Silva, o «mais chocante» desta medida é o facto de ela ter sido adoptada «por um Governo de direita», que não se preocupa em «destruir mecanismos de mercado».
A existência de fundos de pensões capitalizados e a funcionar com a participação dos próprios trabalhadores é importante para o próprio funcionamento e credibilização do mercado de capitais.”
segunda-feira, dezembro 27
"Homenagem ao Papagaio Verde"
Para quem não leu recomendo o extraordinário conto “Homenagem ao Papagaio Verde”, de Jorge de Sena.
Foi recentemente reeditado, pelo “Público”, na “Colecção 2 Horas de Leitura” à venda nas livrarias.
Foi recentemente reeditado, pelo “Público”, na “Colecção 2 Horas de Leitura” à venda nas livrarias.
Regresso
Hoje muitos portugueses regressam ao trabalho. Alguns abutres, também. Pode ser que as “trapalhadas” regressem com alguns deles.
A quadra foi muito pobre em notícias do governo. Pode ser que regressem com ideias novas para dar alegria ao povo. Foi o que o nosso primeiro-ministro prometeu na mensagem de Natal.
Não tarda está aí o Carnaval.
A quadra foi muito pobre em notícias do governo. Pode ser que regressem com ideias novas para dar alegria ao povo. Foi o que o nosso primeiro-ministro prometeu na mensagem de Natal.
Não tarda está aí o Carnaval.
Educação no Cinzento - Alerta
O DN publica um artigo importante acerca do tema “educação”. Não é a estatística que é importante são as prioridades que dela emanam.
A ver com atenção pelos responsáveis pela preparação dos programas dos partidos políticos para as eleições de 20 de Fevereiros.
“Portugal falha metas na formação de adultos
Para alcançar os objectivos estabelecidos pela União Europeia (UE) em matéria de educação e formação, Portugal teria de melhorar as qualificações de pelo menos 3,1 milhões de adultos até 2010. Uma meta que o Governo reconhece ser impossível, mas que seria necessária para o País estar à altura do compromisso - assumido há três anos pelo Conselho Europeu de Lisboa - de tornar a UE na «economia baseada no conhecimento mais competitiva do mundo». (...)
Contas feitas, há 4,3 milhões de portugueses sem as qualificações necessárias - e não poderia haver mais de 1,2 milhões.”
A ver com atenção pelos responsáveis pela preparação dos programas dos partidos políticos para as eleições de 20 de Fevereiros.
“Portugal falha metas na formação de adultos
Para alcançar os objectivos estabelecidos pela União Europeia (UE) em matéria de educação e formação, Portugal teria de melhorar as qualificações de pelo menos 3,1 milhões de adultos até 2010. Uma meta que o Governo reconhece ser impossível, mas que seria necessária para o País estar à altura do compromisso - assumido há três anos pelo Conselho Europeu de Lisboa - de tornar a UE na «economia baseada no conhecimento mais competitiva do mundo». (...)
Contas feitas, há 4,3 milhões de portugueses sem as qualificações necessárias - e não poderia haver mais de 1,2 milhões.”
domingo, dezembro 26
Pior do que previsto
No verão passado escrevi a propósito de Santana Lopes:
“O primeiro ministro está a cumprir o terceiro período de férias num mês. Como se estivesse cansado de um exercício que ainda não começou. É uma evidência ostentada que o governo tarda em instalar-se. No plano físico e orgânico. A substância da sua acção é a propaganda. Contratam-se assessores para produzirem notícias vistosas. O reformismo vai desvanecer-se e, finalmente, transformar-se numa nota de rodapé na encenação dos “benefícios para todos”. As aparições do chefe vão ser encenada para dar seriedade à comédia. No final do ano todas os desempenhos vão sair abaixo das previsões. O país paralisado ficará mais pobre. Mas a “corte” ficará mais rica.”
A encenação não resistiu ao trágico desempenho dos protagonistas. A minha avaliação era pouco severa para os comparsas.
No final do ano só uma realidade ficou de pé: “a corte ficou mais rica”.
“O primeiro ministro está a cumprir o terceiro período de férias num mês. Como se estivesse cansado de um exercício que ainda não começou. É uma evidência ostentada que o governo tarda em instalar-se. No plano físico e orgânico. A substância da sua acção é a propaganda. Contratam-se assessores para produzirem notícias vistosas. O reformismo vai desvanecer-se e, finalmente, transformar-se numa nota de rodapé na encenação dos “benefícios para todos”. As aparições do chefe vão ser encenada para dar seriedade à comédia. No final do ano todas os desempenhos vão sair abaixo das previsões. O país paralisado ficará mais pobre. Mas a “corte” ficará mais rica.”
A encenação não resistiu ao trágico desempenho dos protagonistas. A minha avaliação era pouco severa para os comparsas.
No final do ano só uma realidade ficou de pé: “a corte ficou mais rica”.
sábado, dezembro 25
Dúvidas, quais dúvidas...
Estou a escrever numa posição incómoda. Igual à posição das(os) assessoras(es) de imprensa do governo. Querem esclarecer o quê acerca do Fundo de Pensões da CGD? Os passos dos protagonistas do caso? No dia de Natal? Ridículo! Já não restam dúvidas acerca do caso. Dúvidas, quais dúvidas...
“Governo esclarece notícias sobre Fundos da CGD
O Governo português quis hoje “dissipar quaisquer dúvidas que possam existir, em virtude de notícias objectivamente erradas ou incompletas” sobre a transferência do Fundo da Caixa Geral de Depósitos.”
“Governo esclarece notícias sobre Fundos da CGD
O Governo português quis hoje “dissipar quaisquer dúvidas que possam existir, em virtude de notícias objectivamente erradas ou incompletas” sobre a transferência do Fundo da Caixa Geral de Depósitos.”
sexta-feira, dezembro 24
Natal
Ladainha dos póstumos Natais
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
David Mourão-Ferreira
in "Cancioneiro de Natal"
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
David Mourão-Ferreira
in "Cancioneiro de Natal"
quinta-feira, dezembro 23
Só Para Rir
Não é a plataforma que dá vontade de rir. Plataformas tem o PSD já duas, um pré e outra pós eleitoral. Esta não tem importância nenhuma.
O tom empolgado e triunfal do anúncio da “plataforma” por Pedro Santana Lopes, que vi nas TVs, é que é pungente.
PSD estabelece "plataformas" com MPT e PPM
"Nas últimas eleições legislativas, de 17 de Março de 2002, e ganhas pelo PSD, o Partido da Terra recolheu 0,28 por cento dos votos, correspondentes a 15233 votos, e o Partido Popular Monárquico 0,23 por cento, correspondentes a 12494 votos."
O tom empolgado e triunfal do anúncio da “plataforma” por Pedro Santana Lopes, que vi nas TVs, é que é pungente.
PSD estabelece "plataformas" com MPT e PPM
"Nas últimas eleições legislativas, de 17 de Março de 2002, e ganhas pelo PSD, o Partido da Terra recolheu 0,28 por cento dos votos, correspondentes a 15233 votos, e o Partido Popular Monárquico 0,23 por cento, correspondentes a 12494 votos."
Fundo ao Fundo
Os trabalhadores da CGD afirmaram, hoje, que o Ministro Bagão Félix é mentiroso. Quem sou eu para os desmentir.
A CGD tem um fundo de pensões. Outras empresas criaram fundos de pensões. A CGD é a maior empresa do sector financeiro português. Um fundo de pensões é um “mealheiro” no qual se acumulam fundos para prover aos encargos futuros com as reformas dos trabalhadores.
É uma fórmula de “contrato de empresa” em prol da estabilidade laboral e da paz social. Alivia o Estado. É uma solução, em regra, preconizada por todos os políticos e gestores de bom senso mas sempre foi reivindicada pela direita.
A direita no poder, ironia das ironias, acaba de “nacionalizar”, o fundo de pensões da CGD. Primeiro uma parte, agora outra fatia, depois se verá… tudo para “benefício dos trabalhadores”. Já tinha acontecido o mesmo a outros. É uma tentação que estava à vista de todos face ao fracasso da “venda do património”, à pressão do tempo e à ditadura do deficit.
Este processo de liquidação (ou enfraquecimento) dos fundos de pensões é uma política a que fica ligado o nome de Bagão Félix. Às arrecuas é a direita radical no seu melhor. A direita radical (ou extrema direita), em Portugal, não é liberal, é mansa, beata e dissimulada além de populista e socializante, como todas, em qualquer parte do mundo. Bagão Félix é, no governo, o seu expoente máximo.
Estamos sempre a aprender. Se pensam que já viram tudo estão bem enganados. E o melhor ainda está para vir.
A CGD tem um fundo de pensões. Outras empresas criaram fundos de pensões. A CGD é a maior empresa do sector financeiro português. Um fundo de pensões é um “mealheiro” no qual se acumulam fundos para prover aos encargos futuros com as reformas dos trabalhadores.
É uma fórmula de “contrato de empresa” em prol da estabilidade laboral e da paz social. Alivia o Estado. É uma solução, em regra, preconizada por todos os políticos e gestores de bom senso mas sempre foi reivindicada pela direita.
A direita no poder, ironia das ironias, acaba de “nacionalizar”, o fundo de pensões da CGD. Primeiro uma parte, agora outra fatia, depois se verá… tudo para “benefício dos trabalhadores”. Já tinha acontecido o mesmo a outros. É uma tentação que estava à vista de todos face ao fracasso da “venda do património”, à pressão do tempo e à ditadura do deficit.
Este processo de liquidação (ou enfraquecimento) dos fundos de pensões é uma política a que fica ligado o nome de Bagão Félix. Às arrecuas é a direita radical no seu melhor. A direita radical (ou extrema direita), em Portugal, não é liberal, é mansa, beata e dissimulada além de populista e socializante, como todas, em qualquer parte do mundo. Bagão Félix é, no governo, o seu expoente máximo.
Estamos sempre a aprender. Se pensam que já viram tudo estão bem enganados. E o melhor ainda está para vir.
Um Baile de Bêbedos
A acção do Governo na vertigem de se manter de pé trocando os passos. É uma tragicomédia que o país vai pagar caro.
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