Vistas de Rua (3)
Lisboa, 9 da manhã. Na sexta-feira passada fiz um percurso singular. Tomei o Metro em Telheiras. Percorri toda a "linha verde" até ao Cais do Sodré. Tudo bem, sem demoras nem enchentes, apesar de ser "hora de ponta". Saí e caminhei a pé na direcção de Alcântara. Não é a primeira vez que faço este percurso.Mas hoje reparei que a Avenida 24 de Julho é um corredor de transportes puro. Dispõe de uma via rodoviária com 4 "faixas de rodagem", duas em cada sentido, uma via para eléctricos e autocarros, uma em cada sentido, uma via para comboios, uma em cada sentido, uma outra via rodoviária, no interior, junto à ferrovia, duas em cada sentido (com variantes).
No percurso a pé de cerca de 20 minutos, não encontrei uma só pessoa a não ser mesmo no início, junto à estação do Cais do Sodré e, no fim, próximo do cruzamento com a Infante Santo. Um deserto de pessoas, de árvores dignas desse nome, de sombras, de vistas sobre o Tejo que corre ali tão perto .
Apesar de todas as iniciativas para "recuperar" o rio para a cidade a Avenida continua a ser um muro (quase) intransponível no acesso ao rio. No entanto à noite a avenida ressuscita. O rio indiferente continua, majestoso, a correr na direcção da foz.