Fragmentos de Leituras
"Os amigos
Por vezes, na antiga literatura, encontramos esta expressão aparentemente estúpida: a religião da amizade (fidelidade, heroísmo, ausência de sexualidade). Mas, uma vez que da religião apenas subsiste ainda o fascínio do rito, ele gostava de conservar os pequenos ritos da amizade: festejar com um amigo a conclusão dum trabalho, o afastamento de uma preocupação; a celebração reforça o acontecimento, acrescenta-lhe um suplemento inútil, um prazer perverso. Assim, por magia, este fragmento foi escrito em último lugar, após todos os outros, como que à maneira de dedicatória (3 de Setembro de 1974).
É preciso fazer esforço para falar da amizade como de uma pura tópica: isso liberta-me do campo da afectividade - que não poderia ser referida sem embaraço, já que é da ordem do imaginário (ou melhor, reconheço pelo meu embaraço que o imaginário está muito perto: estou a escaldar)."
"Roland Barthes por Roland Barthes" -6
(Fragmento 1 de 2, pag. 4)
Edição portuguesa: "Edições 70"
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