terça-feira, maio 11

XANANA GUSMÃO

Ana Sousa Dias entrevistou Xanana Gusmão . Um Chefe de Estado que enverga as vestes de um cidadão. Uma autêntica lição de vida, bom senso e autenticidade.

Um dia, a propósito das celebrações do 25ª aniversário do 25 de Abril (1999), pedi a Xanana, através de Pascoela Barreto, um poema. Pascoela Barreto é a Embaixadora de Timor em Portugal tendo integrado a "Comissão para o Acolhimento e Integração Social da Comunidade Timorenses em Portugal", à qual presidi, a título gracioso, durante vários anos. O poema destinava-se ao projecto "A Poesia Está na Rua". Ele foi rápido na resposta e o poema original foi integrado na colectânea então organizada.

A humanidade e espírito de tolerância é a característica marcante da personalidade de Xanana Gusmão. Isso mesmo transpareceu ao longo de toda a entrevista. Relembrou a questão que se pôs a si próprio nos meandros da condução da luta de guerrilha: "Serei um assassino?". Uma questão difícil que raros homens de Estado seriam capazes de colocar em público.

Assim como as questões da conciliação do exercício do poder e da humanidade nas relações com os guerrilheiros e as populações: "Chorar ou não chorar". Como ganhar frieza para enfrentar a dizimação de uma força de milhares de homens reduzida a um punhado de 700.

Ficar isolado e esquecer o medo de morrer sem perder o medo de morrer. Entregar-se ao inimigo para salvar a luta de libertação de um povo. Deixar fluir a capacidade de entender todos os lados mesmo aqueles que, aparentemente, estão do outro lado.

Um exercício plenamente assumido de tolerância. Uma arte de ser humano sem perder a autoridade.