Fotografia de Hélder Gonçalves
A menina descobre um dia
que atrás do espelho
não está ninguém.
Assim me ardem os olhos de nada ler.
A servidão das palavras
não me poupou a outros trabalhos
que das mãos alheias
para as minhas passavam.
A menina fugia
e as nossas vozes não a encontravam.
Sua sombra cresce no céu
cada vez que sonhamos imitá-la.
Vi o sol sepultar-se em mim
e nascer veloz no mercado negro
coroado de setas
beijado pela menina
e pela boca de outros atletas.
Há na palavra escravo
um espelho que me obriga a escrever.
E a única certeza
é a de não me ver.
Regina Guimarães
A menina descobre um dia
que atrás do espelho
não está ninguém.
Assim me ardem os olhos de nada ler.
A servidão das palavras
não me poupou a outros trabalhos
que das mãos alheias
para as minhas passavam.
A menina fugia
e as nossas vozes não a encontravam.
Sua sombra cresce no céu
cada vez que sonhamos imitá-la.
Vi o sol sepultar-se em mim
e nascer veloz no mercado negro
coroado de setas
beijado pela menina
e pela boca de outros atletas.
Há na palavra escravo
um espelho que me obriga a escrever.
E a única certeza
é a de não me ver.
Regina Guimarães
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