Fotografia de Hélder Gonçalves
Um fulvo rubor, o último
no Tejo a anoitecer.
Que me sagredas,
debruçada da janela,
sobre a água em flor?
Cerram-se os olhos do nosso bairro,
as sombras desencontram-se no escuro
da indiferença e do medo.
A cintilação dos arranha-céus
da nova riqueza
é fria, inexorável.
Fugiram todas as pombas e as gralhas
e os corvos
das artérias nobres da cidade
e das ruas, becos, calçadas onde só restam
corpos estilhaçados como estrelas
e palavras, relâmpagos, lágrimas, silêncios,
fúria, rosas profanadas
e miríades de antenas de televisão,
sobejos de festim,
um campo de derrota.
Será alguma vez o homem
irmão do homem?
Urbano Tavares Rodrigues
Um fulvo rubor, o último
no Tejo a anoitecer.
Que me sagredas,
debruçada da janela,
sobre a água em flor?
Cerram-se os olhos do nosso bairro,
as sombras desencontram-se no escuro
da indiferença e do medo.
A cintilação dos arranha-céus
da nova riqueza
é fria, inexorável.
Fugiram todas as pombas e as gralhas
e os corvos
das artérias nobres da cidade
e das ruas, becos, calçadas onde só restam
corpos estilhaçados como estrelas
e palavras, relâmpagos, lágrimas, silêncios,
fúria, rosas profanadas
e miríades de antenas de televisão,
sobejos de festim,
um campo de derrota.
Será alguma vez o homem
irmão do homem?
Urbano Tavares Rodrigues
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1 comentário:
Já cá estou embora com os "pendentes" pp de quem esteve um mês fora e a Páscoa na Ericeira só para a semana volte ao normal.
Bom vir aqui e encontrar Urbano que conheci quando adolescente pois ele morava na Tomaz Ribeiro no andar ao lado duma companheira de liceu com quem estudava e às vezes falava-nos de poesia e de escritas... duvido que tenha sabido aproveitar a oportunidade mas não a esqueci.
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