quarta-feira, abril 11

O POETA

Posted by PicasaFotografia de Hélder Gonçalves

Trabalha agora na importação e exportação. Importa
metáforas, exporta alegorias. Podia ser um trabalhador por conta própria,]
um desses que preenche cadernos de folha azul com números
de deve e haver. De facto, o que deve são palavras; e o que tem
é esse vazio de frases que lhe acontece quando se encosta
ao vidro, no inverno, e a chuva cai do outro lado. Então, pensa
que poderia importar o sol e exportar as nuvens. Poderia ser
um trabalhador do tempo. Mas, de certo modo, a sua
prática confunde-se com a de um escultor do movimento. Fere,
com a pedra do instante, o que passa a caminho da eternidade;
suspende o gesto que sonha o céu; e fixa, na dureza da noite,
o bater de asas, o azul, a sábia interrupção da morte.

Nuno Júdice
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2 comentários:

hfm disse...

Nuno Júdice que me perdoe mas aqui fico presa à fotografia e nada mais me interessa.

luísa p disse...

nuno júdice... vou lembrar este nome para sempre.
quando soube quem ganhou o prémio nuno júdice, lançado pela câmara municipal de aveiro, fiquei estupefacta.
josé jorge letria é, sem dúvida alguma, o novo talento, o mais recentíssimo autor português encontrado por aveiro...
que objectivos de concurso estranhos.