quinta-feira, abril 14

Imbecilidades


Fotografia de amistad

Uma das questões que se colocavam, com mais acuidade, no verão de 2004, era a da capacidade política de Santana Lopes para chefiar o governo. Ainda para mais no contexto de uma sucessão de tipo “dinástica”, ou seja, sem a realização de eleição – nem legislativas, nem internas no próprio PSD.

Pedro Santana Lopes foi, simplesmente, nomeado primeiro ministro. Cumpriu-se a legalidade mas esqueceu-se a legitimidade. De facto “há imbecilidades de tal quilate...”

Eis o que escrevi nas “Citações-3, em 29 de Junho de 2004

Claro que o "bom governo" não se reduz às qualidades do "chefe". O "bom governo" exige um bom programa e uma equipa competente. Vejam o caso do governo chefiado por Durão Barroso. É um governo legítimo resultante dos resultados das eleições de Março de 2002.

Mas o governo não integrou, salvo os líderes de ambos os partidos, nenhuma das personalidades que, durante a campanha eleitoral, foram apontadas como futuros ministros. Nem António Borges, nem Dias Loureiro, nem outros que foram insinuados, ou mesmo apresentados, como valores seguros.

O governo de Durão Barroso é fraco e incompetente. A equipa que Durão Barroso reuniu no governo foi fortemente condicionada pela coligação com o PP. Estes dois anos de governo mostraram que o PP é um partido predador. O Dr. Durão Barroso abandonou, à primeira oportunidade, o governo porque percebeu que não seria capaz de o remodelar sem se desembaraçar do PP.

Os quadros social-democratas competentes, que qualificariam um governo de centro direita, nunca integrarão um governo de coligação com o PP do Dr. Paulo Portas. Os governos de coligação PDD/PP, mesmo que resultem de uma inverosímel "iniciativa presidencial", serão sempre governos fracos e incompetentes.

A tendência, no caso da formação de um governo assente na actual maioria, é para a qualidade baixar ainda mais. A competência do governo está na qualidade das mulheres e dos homens que o compõem. Qualidades humanas, políticas e técnicas. O governo de Durão Barroso está repleto de gente sem qualidade humana, sem tacto nem experiência política e eivado de incompetência técnica.

É difícil baixar ainda mais o nível mas Santana Lopes, se for primeiro-ministro, com ou sem eleições, vai conseguir. O primeiro a perceber esta realidade é o Dr. Jorge Sampaio. Durão Barroso não sei se percebe mas, em Bruxelas, não terá que escolher os comissários. O Dr. Santana Lopes tem como tradição escolher equipas fracas e incompetentes. Para ele é-lhe indiferente o governo que chefiar pois pensará sempre "no lugar que se segue".

A citação do dia: "Montesquieu. "Há imbecilidades de tal quilate, que seria preferível uma imbecilidade ainda maior.""

(Albert Camus, "Cadernos" - Caderno nº 4 - Janeiro 1942/Setembro 1945 - Livros do Brasil)

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