sexta-feira, maio 18

LISBOA - SONHOS E ABDICAÇÕES

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Nesta fase animada da política nacional, com epicentro em Lisboa, notam-se alguns fenómenos interessantes. O plano inclinado pelo qual as forças da oposição querem ver escorregar o governo parece não ganhar o declive suficiente. Um dos factores essenciais para que o governo comece a escorregar é a erosão da coesão do governo e da maioria na qual ele se apoia.

Nestas eleições autárquicas em Lisboa (parciais e intercalares) surgiu a dissidência de Helena Roseta. Podia ser um desses sinais de erosão mas, de facto, não é. Helena Roseta não é uma dissidente mas uma reincidente. Com todo o respeito e consideração por ela, e seus apoiantes, a sua candidatura nada muda no equilíbrio das forças políticas na autarquia e no país. As propostas que a sua candidatura vai trazer à ribalta serão as velhas conhecidas récitas acerca do urbanismo regrado e do regramento do urbanismo e temas congéneres …

Toda a gente está de acordo mas só um projecto político viável para ocupar o poder pode travar, com sucesso, essa e todas as restantes batalhas para voltar a colocar Lisboa no mapa. Não é o caso de uma candidatura de Helena Roseta. Desta velha esquerda sairão, certamente, algumas denúncias de malfeitorias. Esse é o papel útil de um contra poder que o BE já exercita à esquerda e que o PP poderá vir a exercitar à direita. Mas para esse peditório já dei.

Agora o que eu exijo é que o poder gere capacidade de auto regeneração permanente pois não creio que algum dia o poder, seja ele qual for, se liberte dos vícios do poder. A utopia democrática – porque a democracia política só aparentemente é um dado adquirido – não se joga à margem dos partidos mas no centro do poder democrático do qual os partidos são a pedra de toque.

Todos aqueles que ensaiam o discurso anti partido não deixam de se alimentar do poder que aparentam abjurar. Carmona Rodrigues exercitou o discurso anti partido mas abdicou da disputa do poder o que, em política, é o mais difícil dos exercícios. Que mais não seja por isso merece a minha admiração.
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1 comentário:

Mário disse...

Não há condições para me candidatar. Ponderei bem, mas foi esta decisão que tomei. Ponderei bem e espero que me compreendam”, disse.
Carmona não abdicou do poder. Carmona não pode foi disputar o poder. Pelas condições formais que lhe são exigidas e que não consegue realizar, fruto da “generosidade “ dos partidos políticos com assento na Assembleia da República, que dão com uma mão o que tiram com a outra. É, como diz, a democracia que temos.
Estranho que esse “pequeno pormenor” lhe tenha passado desapercebido.