As notícias acerca dos acontecimentos na Universidade de Coimbra não têm tido grande destaque na comunicação social. Têm mesmo suscitado um tipo de comentários que me fazem lembrar aqueles que os “ultras” do Estado Novo aplicavam a todas as movimentações de contestação estudantil: “grupos minoritários”, “perturbadores de ordem pública” e por aí adiante.
Para meu espanto ninguém parece dar a devida importância aos sinais que estas manifestações enviam às autoridades universitárias, governamentais e, em geral, à sociedade portuguesa. Mal-estar profundo, sentimentos de frustração e de revolta, desespero face às perspectivas de futuro, desconfiança no sistema político-administrativo, enfim, crise de regime. As manifestações das chamadas minorias estudantis espelham um profundo mal estar de que está impregnada toda a sociedade portuguesa.
O governo não entendem ou fazem por não entender; as autoridades universitárias não entendem ou fazem por não entender, mas os acontecimentos que estão em curso, que já atingiram o estádio da violência, independentemente das suas causas imediatas, fazem-me lembrar qualquer coisa…
"Universidade de Coimbra Um estudante ferido
Pelo menos um estudante da Universidade de Coimbra (UC) sofreu hoje ferimentos, na sequência da intervenção da PSP, quando cerca de duas centenas de alunos tentavam entrar na sala onde decorre a reunião do Senado.
De acordo com relatos de alguns manifestantes, o forte contingente policial destacado no local terá usado 'gás-pimenta' para dispersar os estudantes, o que desencadeou confrontos entre universitários e agentes policiais.
Uma força do Corpo de Intervenção da PSP chegou entretanto às instalações da Faculdade de Ciências e Tecnologia, no Pinhal de Marrocos.
A reunião extraordinária do Senado foi convocada pelo reitor, Seabra Santos, para analisar a interrupção da abertura solene das aulas, na Sala dos Capelos, na semana passada, por um grupo de estudantes em representação do Conselho de Repúblicas.
Posteriormente, os senadores foram informados de que a ordem de trabalhos incluía um ponto relativo à fixação das propinas, o que foi interpretado por alguns alunos, na Assembleia Magna da madrugada de hoje, «como uma retaliação» pelos acontecimentos do dia 13, na Sala dos Capelos".
20 Outubro 2004
Expresso on line
Sem comentários:
Enviar um comentário